O elenco do Vitória será reformulado nos próximos dias, com a chegada de alguns atletas e a saída de outros, de acordo com o técnico Cláudio Tencati. A ideia é apagar os fracassos do primeiro semestre com uma boa campanha na Série B e voltar à elite do futebol nacional.
O treinador deixou isso claro em entrevista coletiva concedida na tarde desta quarta-feira, na sala de imprensa da Toca do Leão. Ele afirmou que alguns atletas não têm condição de vestir a camisa rubro-negra e deixarão o clube, independentemente de ter contrato ou não. Uma opção para os que têm vínculo até o fim da temporada e não estão nos planos é em horário diferente do restante do grupo.
– A gente sabia das limitações técnicas, principalmente do setor de frente. Não à toa temos Edcarlos tem, se não me engano, três ou quatro gols, é o artilheiro do grupo, isso não pode, é absurdo para uma equipe com o recurso que deveria ter. Precisamos contratar nesse setor, entre oito a dez contratações, incluindo a base, que é um foco nosso. Não podemos mudar esse foco. Aí a pessoa se assusta com o número de contratações. Temos uma reformulação interna de sair bastante jogador. Hoje temos um elenco grande, mas com pouca qualificação. E temos que qualificar. Esse é o momento que o Vitória tem que fazer, mesmo com transição de gestão. O Vitória precisa mudar a cara da equipe, quando a gente estrear contra o Botafogo-SP, tem que ser um time diferente, com a cara do Vitória, com a cara que o torcedor quer, que seja rápido, envolvente, jogue, produza. Esse é o nosso planejamento para o período.
– Sabíamos que tinham jogadores que não podem continuar no Vitória e não têm condições de continuar no Vitória. Vamos tratar isso mais diretamente agora. Mesmo aqueles jogadores que têm contrato e não vamos contar. Como vai fazer? Vai treinar a parte. Vou dar foco àqueles jogadores que a gente tem intenção de permanecer.
Questionado sobre quais jogadores seriam esses, Tencati preferiu não dar nomes para que o clube seja preservado.
– Infelizmente não posso por questões internas. Existe processo de negociação entre a parte executiva do clube e o empresário do jogador. Colocação para o jogador que o Vitória não tem interesse. Se colocar nomes, a gente começa a expor. E aí perco a fidelidade com os que ficam. Por mais que o jogador não fique. Não posso colocar por isso. Quero ter fidelidade com os jogadores que vão permanecer e com os que não vão permanecer. É uma maneira que tenho de trabalhar. Se estivesse resolvido, eu não teria problema. Mas como não está resolvido, existe questão interna, burocrática. O contrato as vezes tem valores de rescisão se o atleta e o empresário não concordarem. Existe uma parte burocrática por trás que não posso abrir.
Confira outras aspas de Tencati.
Desculpa ao torcedor
– Primeiramente queria me dirigir ao torcedor, e dizer ao torcedor do Vitória que nosso sentimento interno é de tristeza também, a gente tem vergonha nacara. Pedir desculpa para o torcedor, para a instituição, os diretores, a todos os funcionários que trabalham no clube. A derrota poderia acontecer, mas não da maneira como foi. Internamente temos esse sentimento. Pedir desculpas ao torcedor e a toda instituição, e dizer que podem dar esse voto de confiança, vamos mudar a cara do Vitória, é uma promessa do nosso trabalho. Procuramos fazer coisas diferentes e vamos melhorar mais para frente. Que o torcedor confie, a atual gestão se mantenha firme, quem for vir da mesma forma, porque o interessa e importante nesse momento é o Vitória. E queremos entregar o produto final, no fim da temporada, o Vitória na Série A do Campeonato Brasileiro de 2020.Momento de repensar?
– Não há dúvida. A gente tinha esse planejamento. Claro que a Copa do Nordeste era importante, por isso fizemos um plano emergencial. Até citei na semana passada que a gente tinha problemas físicos, e a gente sabia disso desde a nossa chegada, identificamos isso no jogo contra o ABC. Só que quando tem jogos em intervalo, mesmo com semana aberta, não se consegue fazer trabalhos de potência, força. E o jogador precisa disso. Nós temos muito desequilíbrio na equipe. Nós vimos um Fortaleza com velocidade de jogo maior e o Vitória não conseguiu manter essa velocidade. As pessoas dizem que tive uma semana aberta para fazer isso, mas não se faz isso em uma semana. Então precisa o que vamos fazer agora. Vamos focar a partir de hoje para amanhã, inclusive a base titular e quem não vem jogando. Principalmente com o elenco que fica, que a gente já tem em mente. Priorizando esses trabalhos, que demoram para recuperar. Temos que focar nesse trabalho para a equipe chegar diferente contra o Botafogo-SP, principalmente os jogadores que ficarem. Isso a gente já identificou.Eleições
– Vou trabalhar para a estreia contra o Botafogo-SP, dar o meu melhor com a comissão técnica e com os jogadores, para deixar o Vitória pronto para iniciar a Série B, competir em alto nível e conquistar a Série B. Não vou me preocupar se vai ganhar fulano ou beltrano, se vão me manter. Não me importa. Vou fazer o meu melhor. O presidente Ricardo David, o vice Francisco Salles e o gerente de futebol Alarcon Pacheco me colocaram muito claro que teria essa transição. Eu prontamente aceitei o desafio. É o Vitória. Um ótimo desafio para mim. Não tenho esse receio. Única coisa que digo ao torcedor é que enquanto estiver aqui farei o meu melhor pelo Vitória.Mudanças na equipe e dificuldades
– Não há dúvida, temos que ter um plano emergencial. Na minha chegada identificamos a priori uma questão gravíssima, que era o aspecto emocional. O peso de duas eliminações, uma temporada ruim, um descenso da Série A para a B, isso gera um peso negativo muito grande no clube. Vi um ambiente muito pesado. Procurei retomar o vestiário, dar moral para os jogadores, aumentar autoestima para eles. Foi o que a gente tentou promover nos dois jogos e na semana inicial, e conseguimos, mudamos a cara da equipe, melhoramos individualmente alguns jogadores, tivemos dois jogadores premiados em jogos seguidos, Andrigo e Ruy foram escolhidos os melhores jogadores nas partidas. Houve uma melhora individual e coletiva. Como houve melhora, a gente confiou, criou esperança. Procurei fazer uma semana de novo com estímulo, moral, confiança, mas chegou no jogo e me impressionou uma coisa que pesou demais, o fator emocional. Nosso time teve um baque. Realmente fiquei surpreso com o comportamento do time. Esperava um pouco mais. E não ocorreu. Entrou algumas coisas que vieram à tona e a gente identificou. Problemas técnicos, problemas físicos, que a gente já sabia. Mas a gente acreditava que a equipe poderia responder de alguma forma. Não aconteceu. Diante disso, a gente tinha um plano. Independentemente com a vitória ou derrota, mesmo com a classificação, esse plano existia. Não iríamos tapar o sol com a peneira. Sabíamos que tinham jogadores que não podem continuar no Vitória e não têm condições de continuar no Vitória. Vamos tratar isso mais diretamente agora. Mesmo aqueles jogadores que têm contrato e não vamos contar. Como vai fazer? Vai treinar a parte. Vou dar foco àqueles jogadores que a gente tem intenção de permanecer e buscar aqueles que acho que deve trazer. Esse é o objetivo que temos que ter. Para diante do Botafogo-SP ter uma equipe forte e fazer o Vitória forte.O que o Vitória precisa
– Um plano de jogo consistente, isso é fato. Inclusive dentro da característica que o Vitória sempre teve, agressivo pelas laterais, pelos lados, no setor de frente. Que busque propor o jogo. Se analisarem os três jogos, a gente procurou colocar isso na equipe. O Edcarlos e Victor Ramos procuram iniciar as jogadas, fazer balanço, criar espaços, procurar infiltrações, procurar volantes e laterais. Mais daí para frente está o problema. Falta criatividade, ousadia, qualidade. Então é uma coisa que precisamos buscar com contratações e recuperando jogadores que estão em processo e a gente sabe que podem evoluir. Esse é o plano. Ao mesmo tempo resgatar uma coisa importante, que não teve contra o Fortaleza. Até disse para os atletas que perder não é problema. Mas a imagem negativa é o comportamento de campo, uma disputa que exige virilidade, mais presença em campo. A bola veio, dominou errado, passou e parecia que não estava “nem aí”. Vinha no pé de ferro e o adversário ganhava. Não pode. O Fortaleza estava com mais vigor que a gente. Na Série B são 38 rodadas, 38 jogos decisivos. A gente começa a disputar o acesso na primeira rodada. Então, se não tivermos esse espirito em todas as rodadas, vamos passar maus bocados. Essa cara que quero dar ao Vitória. O Vitória terá que ter essa cara. Um time técnico, rápido, mas muito mais alma e coração.Defesa vazada
– A gente inclusive, nos primeiros jogos, resgatamos o “atacar defendendo”. Para ter segurança defensiva. Ocorreu um gol bobo de cruzamento do Náutico, acusou um golpe de posicionamento, de ajuste. A gente procurou na semana que antecedeu o jogo contra o Fortaleza fazer trabalhos para melhorar o posicionamento da defesa, o encaixe. É repetição. Jogando, treinando. Esse período que terei de duas a três semanas de treinos vou intensificar isso. Temos que mudar esse quadro. Tive o prazer de ter a melhor defesa de todas as Séries com o Londrina, em 2016. Espero conseguir isso, tendo equilíbrio. Defesa sólida com ataque eficiente. É o que a gente precisa. Vejo que podemos conseguir isso, mas não há dúvida que precisamos de contratações. Precisamos de um ou dois atletas, e alguns atletas que sabemos que precisam ser liberados, não têm mais espaço no Vitória. Mas não há dúvida que jogadores que vem jogando, como Edcarlos e Victor Ramos, vão agregar muito na temporada. São jogadores que eu conto de imediato. Falando da defesa especificamente. Mas vamos precisar trazer peças para reforçar e aumentar a competitividade. E meu trabalho também para melhorar esse quadro.