Tencati analisa Fortaleza, mas destaca autoavaliação: “O Vitória se prepara em função dele”

Claudio Tencati concede última entrevista coletiva antes de confronto diante do Fortaleza, pelo Nordestão. — Foto: Maurícia da Matta/Divulgação/EC Vitória

Claudio Tencati concede última entrevista coletiva antes de confronto diante do Fortaleza, pelo Nordestão. — Foto: Maurícia da Matta/Divulgação/EC Vitória

O técnico Cláudio Tencati vai para o seu terceiro jogo à frente do Vitória nesta segunda-feira, contra o Fortaleza, pela Copa do Nordeste. Um confronto que carrega teor de dificuldade e muita responsabilidade: é partida única na casa do adversário e que vale vaga na semifinal do Nordestão.

Após o jogo contra o Náutico, no último sábado, também pela competição regional, o Vitória teve a semana livre para treinos e estudos do adversário. Em entrevista na tarde desta sexta-feira, no entanto, Tencati ressaltou que analisa o rival, mas a prioridade é a autoavaliação para que o Rubro-Negro jogue bem não apenas nesta segunda, mas em toda a temporada.

– A análise a gente sempre tem do adversário. A gente tem um grupo de analistas que fazem tudo isso, então facilita até a nossa leitura com relação ao adversário. Nós tivemos condições de acompanhar um jogo de semifinais do Campeonato Cearense, em que deu para perceber alguns detalhes. É óbvio que o Rogério [Ceni, técnico do Fortaleza] até poupou alguns jogadores, mas acabou perdendo, inclusive, alguns jogadores do ataque, com uma lesão logo cedo. A gente já tem uma análise fria. Passamos isso para os atletas desde o início da semana, projetamos isso para o nosso trabalho ao longo da semana. Claro que a preparação não é só em função do Fortaleza. A gente prepara a equipe, também, em função do Vitória, o que tem que explorar, o que tem que jogar. Para não ficar em dependência, em função do Fortaleza. O Vitória se prepara em função dele, mas agregamos os detalhes do que o Fortaleza tem de melhor e o que tem de fraquezas que possamos explorar.

Para alcançar a vaga na semifinal do Nordestão, o Vitória terá que deixar para trás uma marca negativa em jogos longe de Salvador: em 2019, foram sete empates, um triunfo e uma derrota, o que resulta no aproveitamento de 37,03%.

Durante a coletiva, Tencati relatou a questão emocional dos jogadores, ponto que ele trabalha desde sua chegada ao clube. Em sua visão, já houve uma melhora no desempenho diante do ABC, há duas semanas. Em relação à conquista de números positivos fora de casa, contra o time cearense, o comandante pede imposição dentro das quatro linhas.

– Na minha chegada, eu queria resgatar a autoestima, a moral, a autoconfiança. Foi o que fizemos neste período que a gente teve. Tanto que a primeira proposta de um jogo fora, que foi contra o ABC, o Vitória propôs o jogo, buscou o resultado positivo. Não aconteceu. Mas o Vitória teve comportamento de um time que queria vencer, já foi importante e deu uma imagem positiva. Posteriormente, em casa, no Barradão, uma coisa que incomodava muito o torcedor e todos que estavam aqui no Vitória, a gente também tinha esse compromisso. Buscamos o resultado. Tivemos atitude. Tinha ainda o fantasma que pesava de não jogar bem em casa e não vencer. Não vencemos, mas tivemos comportamento positivo, até quando sofremos o gol ficamos organizados e propusemos o jogo. O time não se encolheu. Atributos importantes, virtudes, qualidades que foram resgatadas. Um jogo decisivo agora, contra o Fortaleza, na casa do adversário, temos que buscar um jogo organizado, de estrutura forte da equipe. Se, durante os 90 minutos, nos oferecerem a condição de vencer o Fortaleza e classificar, ótimo. Mas, se também não ocorrer, que nós tenhamos também já uma preparação para os pênaltis, porque o pênalti é uma outra condição que deixa igual, e o resultado nos favorece também, no sentido de mais uma oportunidade para ganhar o jogo.

Tencati fez mistério com relação à escalação da equipe que vai enfrentar o Fortaleza, mas deixou escapar que Paulo Victor deve ser relacionado. O volante foi recém integrado das divisões de base e estreou no Barradão, no empate em 1 a 1 com o Náutico.

– Eles têm respondido bem, tanto que a tendência do Paulo Victor permanecer é grande, até por conta do que ele já fez. Ele fez uma partida bem regular. É importante ter regularidade. É um atleta que vem treinando muito bem. O Tenório também, mas ele joga em uma posição concorrida e, pelo momento que a equipe vive, precisa de um pouco de atitude. Ruy foi muito bem também, então o Tenório joga nesse mesmo espaço que o Ruy joga, mas é uma alternativa também para aproveitar. Provavelmente deva viajar com a equipe. Os outros a gente está oferecendo oportunidades de treinar com o profissional. Edson é bom atacante, estamos preparando. Outros que estamos vendo que têm condições de estar no profissional. É um processo que a gente tem jogos decisivos, e a transição do jogador da base para o profissional não pode ser vendaval. Tem passos a serem seguidos – disse.

A partida entre Fortaleza e Vitória está marcada para segunda-feira, no estádio Castelão, às 21h30 (horário local). Em caso de classificação, o Rubro-Negro espera o vencedor entre Santa Cruz e CRB.

Confira outros trechos da coletiva com Cláudio Tencati

Dias de treinamento
– Não há dúvida. A gente vê o comportamento em campo. Vimos isso diante do ABC, diante do Náutico. A gente sofria muito com algumas investidas, principalmente em casa, com contra-ataques. A gente minimizou isso contra o Náutico. A gente já tem uma postura diferente, uma zona de compactação importante, tanto para atacar como para defender. Setores compartilhando. É outra coisa que eu friso muito para a equipe. O compartilhamento de setores… O setor direito tem que ter três, quatro jogadores envolvidos, laterais, atacantes, volantes… Para construir o jogo de um lado e de outro, ter alternâncias. A equipe está procurando alternativas. A resposta está sendo positiva. Espero que, com essas semanas de trabalho para o jogo, eles apliquem isso diante do Fortaleza. Se fizermos isso, será um grande passo para vencer e conquistar a vaga.

Maurício Cordeiro
– Processo de evolução, normal em uma semana e meia de trabalho, essa evolução vai existindo. Mauricio, quando eu cheguei, fez um treino e, infelizmente, lesionou. Interrompeu. Essa interrupção é prejudicial. Se você perguntar uma caraterística forte dele, só tenho a imagem de vídeo, até porque ele jogou pouco no Vitória, até no ano passado. É uma referência muito vazia para mim. Ele vai precisar retomar os treinos para dar ter certeza para o torcedor e para a imprensa do que posso aproveitar e tirar do Maurício. Mas, neste momento, infelizmente, não está indo nem a campo, porque está lesionado.

Rotatividade na lateral esquerda
– Laterais são setores importantes do futebol. Fui lateral e sei como é. Hoje a gente tem um perfil de jogador, que é o Fabrício, que a gente entende que está evoluindo no físico, deu consistência ao sistema defensivo, que vinha, inclusive, sofrendo. Talvez não tenha profundidade, chegada com tanta velocidade, mas, na única que fez, contra o Náutico, chegou para dar o passe para o Neto ficar na cara do gol. Então ele chega com precisão, o passe dele tem precisão. E tem o Capa, que a diretoria já vinha monitorando. Quando chegou a esse nome, eu avalizei, porque é um jogador com característica diferente do Fabrício, um jogador agudo, que ataca mais, dá mais profundidade, tem drible, é rápido, joga na segunda linha, e isso é importante. É um atleta que tem acessos recentes. Quando o jogador de um processo de acessos, a gente tem que entender que ele já tem o timing do acesso. E ele é especialista na função. Tenho certeza de que, no Vitória, pesou a camisa. Ele teria sete ou oito clubes concorrentes diretos na Série B.

Improvisação no elenco
– Não gosto de improvisar atletas, porque a mensagem que fica quando improviso significa que não tenho confiança nos que estão aqui. Se não tem confiança, tem que tirar. A não ser emergencialmente, em determinado jogo ou para um momento. Como até o próprio Capa pode vir a surgir na equipe para um momento na linha de frente, pode ter essa oportunidade no jogo contra o Fortaleza. A gente até tem treinado isso, lateral como também no setor avançado. Mas improviso eu procuro não fazer. Então o Fabrício vai competir com Capa, Juninho e os demais laterais, no setor dele. Mas, em um jogo que existe uma expulsão, uma ausência de um jogador, aí a gente faz o improviso.

Caminho até o título
– Caminho árduo, difícil. Não é fácil. Já passei por mata-mata como treinador. A equipe tem que ser organizada, fria, saber entender as fases do jogo. Porque o mata-mata te oferece isso: a chance de vencer o jogo e já passar. Mas, quando não acontece, você pode levar para o último estágio, que são os pênaltis. Inclusive, eu conquistei dois títulos com pênaltis. Você cria uma situação de jogo, quer vencer. Mas, se por algum motivo, o entendimento do jogo não acontece, leva para a última instância e se prepara para ela. O Vitória está se preparando para isso. Quer vencer. O Fortaleza está em um momento melhor, mas o Vitória chega com o peso da camisa. A chance de passar é 50% para cada. O Vitória tem condição de passar e de vencer. Se não vencer, vamos tentar levar para os pênaltis.

*Estagiário, sob supervisão de Tamires Fukutani.

Fonte: https://globoesporte.globo.com/ba/futebol/times/vitoria/noticia/tencati-analisa-fortaleza-mas-destaca-autoavaliacao-o-vitoria-se-prepara-em-funcao-dele.ghtml

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