Surpreso demissão mágoas Amadeu
O barradao.com traz para você mais uma notícia do Esporte Clube Vitória.
Aqui você fica sabendo das notícias publicadas nos quatro maiores sites esportivos do Estado da Bahia, confira abaixo o que acabou de sair na mídia.
m pouco mais de quarenta dias de Vitória, Carlos Amadeu foi da empolgação com a invencibilidade de sete jogos do time na Série B do Campeonato Brasileiro aos gritos de “burro” diante das atuações ruins e, principalmente, nas derrotas para os então lanternas da competição. Na balança, pesou o momento de baixa, em especial os resultados contra Guarani e São Bento, e o treinador acabou demitido há uma semana para dar lugar a Geninho.
"Fica sensação de que a gente não deu seguimento ao trabalho que estava sendo muito bem-sucedido", diz Amadeu — Foto: Ruan Melo
Dos quatro técnicos que comandaram o Vitória nesta temporada, Carlos Amadeu foi o que teve menor tempo de clube: 43 dias. Por outro lado, teve 48% de aproveitamento, contra 38% de Marcelo Chamusca, 26,6% de Osmar Loss e 23,8% de Cláudio Tencati. Dentro desses números, ele conseguiu fazer o time chegar a sete jogos seguidos sem perder e com um gol sofrido na Série B. Por outro lado, não evitou os empates frustrantes em casa, além das derrotas amargas para Guarani e São Bento, na época, lanternas da competição.
A demissão de Carlos Amadeu foi anunciada no dia 18 deste mês, logo após a delegação do Vitória desembarcar em Salvador, um dia marcado por muito burburinho nas redes sociais e, inclusive, sobre um possível pedido de demissão do técnico. Em entrevista ao GloboEsporte.com e à TV Bahia nesta terça-feira, Amadeu esclareceu a saída do clube e admitiu a surpresa com a demissão. Sem mágoas, o treinador também passou à limpo toda a curta passagem pelo clube e revelou os planos para o futuro.
GloboEsporte.com: no dia do desligamento, houve muito burburinho em relação a sua saída. Falou-se até que você pediu demissão. Como foi o processo?
Carlos Amadeu: De manhã, quando acordei, vi algumas pessoas… Acordei, na realidade, com os telefonemas querendo saber se tinha pedido demissão. Imediatamente acionei as redes sociais justificando que não tinha pedido demissão. Não era minha intenção. A sequência era positiva, não era por causa de duas derrotas que eu iria abandonar o barco em hipótese alguma. Chegando em Salvador é que fui comunicado.
Você disse na chegada ao Vitória que já tinha recusado alguns convites do Vitória em outras oportunidades. Olhando hoje, você acha que tomou a decisão correta em aceitar treinar o time principal?
– Acho que foi o momento correto [de assumir o time]. Penso que o momento do Vitória, não de agora, mas de dois anos para cá, é um momento conturbado, seja politicamente, ou economicamente, e lógico que isso foi influenciando dentro de campo. Mas eu creio que foi um momento certo. Nos outros momentos eu estava à serviço da Seleção Brasileira e queria terminar. Não gosto de interromper nenhum trabalho, eu gosto de concluir um trabalho. Se eu cobro dos clubes que tenham um projeto, que tenham um processo, então me dou esse direito de também concluir esses trabalhos que estou executando. Naquele momento eu não tinha. Teve um convite quando eu estava fora do Brasil, eu estava exatamente acompanhando o futebol internacional para poder me reciclar, ver o que estava acontecendo fora do Brasil também em termo de clubes, já que a seleção eu estava acompanhando. Naquele momento, também, não foi possível. Assim que, aqui no Brasil, o convite apareceu, vi que o time do Vitória tem grandes possibilidades de se manter na Série B e fazer um planejamento para 2020 de forma positiva. Encarei o desafio e acho que foi bem proveitoso.
Você conseguiu a maior sequência invicta do Vitória no ano, saiu com 48% de aproveitamento e rendimento que colocaria o time entre os dez primeiros colocados. Por outro lado, não venceu os então lanternas nos dois últimos jogos do time. Diante disso, a demissão te surpreendeu?
– Eu diria que sim. Se você for olhar todo o escopo do trabalho, como estava sendo conduzido, a gente esperava dar sequência ao processo. Não entendemos o futebol, como não entendemos qualquer projeto, sem ter um processo onde você tem início, meio e fim. Fica sensação de que a gente não deu seguimento ao trabalho que estava sendo muito bem-sucedido: sete jogos, naquele momento eram 63%, 64% de aproveitamento. Depois das duas derrotas caímos para 48%, 49%; quase 50%, que é um aproveitamento positivo, imaginando que a gente estava iniciando um trabalho, colocaria o Vitória entre os 10 primeiros colocados.
– É perfeitamente aceitável, compreensível, já que um time que vinha de 26%, logicamente teria oscilações dentro da própria competição como houve. Perdemos dois jogos, pois jogos para equipes que estavam na zona de rebaixamento, mas também tivemos vitórias e empates contra equipes que estão na zona de classificação: CRB, o próprio Coritiba fora de casa. Conseguimos duas vitórias e um empate fora de casa. Naquele momento 77% de aproveitamento fora de casa, algo que o Vitória não conseguia. A gente vê como positivo esse período a frente do clube.
Guarda alguma mágoa do Vitória? Voltaria ao clube no futuro?
– De jeito nenhum [guardo mágoa]. Vitória é um clube que trabalhei mais de dez anos da minha vida, me deu oportunidade de trabalhar com a base, elevei meu nome através do Esporte Clube Vitória, foi o clube que me deu a primeira oportunidade como efetivo no futebol profissional, então só tenho a agradecer. Não só à direção, mas à torcida e à imprensa. Acho que a relação da gente foi muito positiva. Logicamente que agora são novos desafios, a gente tem que pensar mais à frente. Não sou muito daqueles que gosta de ficar voltando para os locais dez vezes. Olho para frente. Acho que o Vitória foi uma passagem muito positiva e agora que a gente siga a estrada, siga o caminho. Faz parte do processo.
Diante dos nove jogos que você fez pelo Vitória, quais erros e acertos você enxerga? Faria algo diferente?
– Penso que a gestão que eu fiz frente ao grupo de atletas e toda comissão técnica, acho que fica um registro muito positivo da forma que a gente conseguiu verbalizar, passar isso para o nosso grupo de comandados e como eles receberam isso de forma muito positiva. Acho que eu faria a mesma coisa nesse sentido.
– Talvez o que eu não fizesse, se tivesse que voltar atrás, e eu reconheci isso perante todos vocês, foi aquele momento em que a gente fez talvez o nosso melhor primeiro tempo à frente do clube, que foi [empate] contra o Operário, e eu procedi uma alteração tentando melhorar mais ainda no intervalo (saída de Capa para entrada de Nickson). Na verdade, eu perdi duas vezes. O atleta que entrou, não entrou bem, não correspondeu, e o atleta que eu troquei de posição também acabou não correspondendo. Acho que faz parte de nosso aprendizado, mas também penso que não é um erro crasso. Ou seja, é uma tentativa, um desafio mesmo indo bem tentar ir melhor. Muitas vezes essas mudanças dependem muito de como o atleta entra e se comporta…
E do momento do time…
– Exatamente. Muitas vezes a gente é elogiado por uma alteração e muitas vezes essa alteração é uma alteração comum.
Carlos Amadeu foi demitido do Vitória com 48% de aproveitamento: "Encarei o desafio e acho que foi bem proveitoso" — Foto: Letícia Martins / EC Vitória / Divulgação
Você falou das mudanças no jogo contra o Operário, mas nos dois primeiros jogos que fez e conseguiu vencer (Paraná e CRB), você também mexeu na equipe. E foi uma das críticas essas constantes mudanças. Como encara isso?
– De forma muito natural. Quem vive o dia a dia, quem está no dia a dia, quem está treinando e conhecendo os atletas e vendo o potencial, tem muito mais sensibilidade do que quem está de fora. Quem está de fora, hoje a imprensa participa muito pouco do dia a dia do clube, não sabe muitas vezes o porquê das coisas. E o torcedor também, que só vai no momento do jogo. Para eles, as coisas não estão muito claras. Para a gente estão muito claras, as modificações foram sempre visando melhorar a equipe, não se acomodar mesmo vencendo. Para mim seria muito cômodo vencer os dois jogos, como a gente venceu o Paraná e contra o CRB, e manter a mesma equipe. A gente teve a ousadia de mudar porque percebemos que não tínhamos uma consistência de jogo no setor do meio campo. A gente foi buscando dentro desse processo que estou falando, porque é importante estar dentro do processo, conhecer a fundo, como eu estava conhecendo o grupo de atletas, não tinha domínio total, estava conhecendo o grupo de atletas. Ali a gente vai processando, não é teste, não é experimentação. São fatos. São coisas que a gente vê no treino, que a gente constata e traz no jogo. Nem sempre e a gente tem as mesmas respostas que a gente vê no treino. Demanda tempo. Precisa de insistência e persistência.
Olhando agora de fora, qual o maior problema do Vitória? É interferência política? O que faz a equipe não andar na Série B?
– Muitas vezes a gente empobrece muito quando reduz a um único problema. A gente tem que pensar sempre nos problemas de forma sistêmica. O Vitória, ao longo dos anos, vem mostrando alguns problemas. Desde a sua gestão até o campo. Vai finalizando no campo. A gente torce que isso seja modificado o mais rápido possível, que o torcedor, a imprensa, a direção, o grupo de atletas mentalize de forma positiva e trabalhe para reverter essa situação porque ela não é muito positiva para o futebol baiano. Ela não é muito positiva para o esporte abaiano. A gente precisa das forças e criar uma terceira força para que seja forte no nosso esporte. A gente entende como uma conjuntura, uma série de situações que vão impactar diretamente no jogo.
Paulo Carneiro tem perfil centralizador. Ele tem alguma ingerência na montagem da equipe ou tentou ter?
– É uma figura atuante. É uma figura que foge um pouquinho à característica de outros, que deixam mais à cargo do gestor. Ele é uma figura que trabalha também como se fosse um diretor de futebol. E, como todo diretor de futebol, ele tem as opiniões, ele tem os pensamentos, mas também tem um respeito muito grande pelas decisões da equipe técnica.
Em relação ao futuro do Vitória na Série B, como enxerga? Acha que o Vitória tem condição de brigar por uma vaga no G-4?
– Se eu não percebesse que o Vitória não tinha condições de permanecer na Primeira Divisão e de chegar ao G-4, eu não pegaria. Lógico que a gente precisa entender que o time do Vitória foi montado dentro da própria competição. Esse time foi montado e remontado várias vezes. Pelo menos três vezes. O Vitória, se não me engano, contratou mais de 30 atletas. Isso demanda um tempo. Temos ali atletas extremamente comprometidos, homens na acepção da palavra, que estão buscando trabalhar o máximo para tirar o Vitória dessa situação.
– Mas o contexto também envolve diretamente toda a estrutura do clube. Mas são pessoas extremamente trabalhadoras, dedicadas, que podem juntamente com a comissão técnica reverter essa situação sim. Ainda acredito. Matematicamente ainda tem chance? Tem. Então a gente tem que acreditar. Caso não consiga chegar no G-4, que a gente sabe que é muito difícil diante da situação, mas que mantenha o Vitória na Série B parta que possa trabalhar com tranquilidade o planejamento para 2020.
Você falou em 30 jogadores, mas foram também cinco técnicos. O quanto essas mudanças de técnicos atrapalham esses 30 jogadores?
– O ideal, vou falar do ideal e do real. O ideal seria você montar sua equipe no período antes da pré-temporada, tivesse um treinador apenas durante, pelo menos, três temporadas, e que você mexesse nesse elenco durante três anos de forma muito cirúrgica, mexendo uma, duas peças por setor. Quando você mexe muito em número de atletas em posições, em funções e quando você mexe na estrutura da comissão técnica, muda a metodologia, muda a forma de trabalho, muda gestão. Isso tudo vai impactar diretamente no campo. Enquanto a gente não tiver maturidade suficiente para fazer uma gestão com qualidade efetivamente e focar no processo e saber que focar no processo você vai adquirir um resultado no futuro, esse resultado não vai vir de imediato. Enquanto pensar no imediatismo, a gente vai ter muita dificuldade de sobreviver no futebol.
"Para mim seria muito cômodo vencer os dois jogos, como a gente venceu o Paraná e contra o CRB, e manter a mesma equipe" — Foto: Ruan Melo
O que representa para você ser chamado de burro pela torcida?
– Sou uma pessoa que não me abalo muito com críticas, sou frio nesse aspecto, sei lidar com opiniões divergentes. Tenho muita segurança no que faço na vida, nas minhas escolhas. Sem querer ser arrogante, prepotente, eu sou um privilegiado. Tive possibilidade de estudar, fazer universidade, de ser professor, formar treinadores no Brasil. Tenho uma carreira bem-sucedida no futebol, educação, gestão.
– Por que me consideraria não tão inteligente? Sou uma pessoa privilegiada, só tenho a agradecer ao divino, à minha família, que me proporcionou toda parte da educação, e aos meus mestres. Tenho que reconhecer que eu fui muito bem amparado por eles e muito bem preparado por eles.
Falta um pouco mais de educação no futebol?
– A gente não pode nunca desatrelar o futebol da nossa sociedade. A nossa sociedade necessita de uma formação, de uma educação. Isso vai impactar diretamente no comportamento nosso no estádio. Ao longo dos anos eu fui torcedor de sentar no estádio, sempre fui acompanhar meu time, sempre fui torcer para o meu time. Nunca fui "destorcer". Acho que uma pessoa que vaia a sua equipe está "destorcendo". Sou torcedor do clube, eu sempre amei o meu clube e sempre dei força para o meu clube. Nunca deixei de ser crítico, mas jamais vaiei a minha equipe, jamais dei alguma palavra de desincentivo, mesmo jovem. Ao longo dos anos fui aprendendo que o palavrão não é o melhor caminho. Agredir as pessoas também não é o melhor caminho. A gente tem que estar do lado e não contra. Mesmo torcendo contra, não preciso agredir ninguém, nem verbalmente nem fisicamente. Acho que esse é um ponto para a gente fazer uma reflexão. Educação dentro e fora do campo. É um contexto que a gente está em uma rivalidade, em uma competição, mas não está em uma guerra.
Como tem aproveitado esse tempo livre após a demissão?
– É um papo novo. Sempre tive o costume de estar trabalhando e as vezes mais de um vínculo empregatício, né? Então sempre teve muito dinamismo. Agora, com a escolha do futebol profissional, a gente se encontra numa situação de estar um tempo maior em casa. É um momento para aproveitar nossa família, aproveitar para estudar, colocar nossas palestras em dias também. Já começa a dividir o tempo. É nesse momento que a gente aproveita para assistir bastante jogos… acompanhar Série A, Série B, futebol mundial, dar uma lida em alguns livros. E a gente também sempre é convidado para alguns debates, algumas palestras; a gente aproveita esse momento para isso.
Você treinou a seleção sub-20 e era funcionário do Vitória antes de ser técnico do time principal. Pretende seguir trabalhando com base ou futebol profissional?
– Não me incomodo, em hipótese alguma, trabalhar com a formação. É uma coisa que me engrandece bastante e contribui com a formação de jovens atletas. Mas esse momento destinei com novos desafios, então tive minha primeira oportunidade no Vitória. Penso que, dentro das limitações, tudo o que aconteceu foi produtivo, proveitoso. Isso me deixou ainda mais seguro do que eu estou fazendo, das minhas escolhas, então sigo com esse desafio. Vamos para o mercado profissional encarar os novos desafios que vem pela frente.
Fonte: https://globoesporte.globo.com/ba/futebol/times/vitoria/noticia/surpreso-com-demissao-mas-sem-magoas-amadeu-revela-erros-e-acertos-nos-43-dias-de-vitoria.ghtml
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Portanto, por isso, assim sendo, por conseguinte, conseqüentemente, então, deste modo, desta maneira, em vista disso, diante disso, mediante o exposto, em suma, em síntese, em conclusão, enfim, em resumo, portanto, assim, dessa forma, dessa maneira, logo, pois, portanto, pois, (depois do verbo), com isso, desse/deste modo; dessa/desta maneira, dessa/desta forma, assim, em vista disso, por conseguinte, então, logo, destarte.