Retrospectiva do Vitória tem início de ano ruim, destituição de Paulo Carneiro e acesso na "era Burse"

Mas, como toda franquia cinematográfica de sucesso, o roteiro ainda arrumou espaço para uma sequência que pode ser repleta de emoção. Desde o início de novembro, o Vitória faz pré-temporada de olho em uma vaga na Copa do Nordeste 2023. No dia 5 de janeiro, precisa eliminar o Cordino; depois, passar por outra fase de mata-mata para se confirmar no torneio regional e garantir um ano mais tranquilo.

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Agora, o ge faz a retrospectiva do ano do Vitória com dez acontecimentos marcantes ao longo da temporada 2022.

Fora da Copa do Nordeste 2022, o Vitória tinha apenas o Campeonato Baiano em seu calendário inicial, mas um novo vexame mostrou que o ano não seria fácil para a torcida rubro-negra. Campeão estadual pela última vez em 2017, o Leão amargou a quarta eliminação consecutiva ainda na primeira fase do torneio.

Na última rodada, o Vitória derrotou o Bahia de Feira, por 2 a 1, no Barradão, mas parou na porta do G-4 e terminou a primeira fase na quinta posição, com 13 pontos.

A equipe treinada por Dado Cavalcanti se despediu do Campeonato Baiano com 13 pontos, tendo vencido três jogos, empatado quatro e perdido dois. O treinador foi demitido do Vitória no dia seguinte à eliminação do torneio estadual. Na ocasião, Alex Brasil também deixou de ser o diretor de futebol do Rubro-Negro.

Dado já tinha garantido o time baiano na segunda fase da Copa do Brasil, com o empate em 1 a 1 diante do Castanhal, fora de casa. No total, ele comandou o Leão em dez partidas, com três vitórias, cinco empates e duas derrotas.

O técnico escolhido para levar o Vitória à Série B do Campeonato Brasileiro foi Geninho, mas a sua quinta passagem pelo Leão foi breve. Depois de quatro partidas e três derrotas, o treinador terminou demitido. Anunciado em 17 de março, Geninho ficou apenas 34 dias à frente do clube.

Jogos de Geninho na quinta passagem pelo time baiano

Se o primeiro semestre foi ruim dentro de campo, fora dele houve a destituição de Paulo Carneiro da presidência, no dia 21 de maio. A decisão foi tomada pelos sócios do clube.

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Como o vice-presidente, Luiz Henrique Viana, já havia renunciado ao cargo, o Rubro-Negro passou a ser gerido de forma oficial pelo presidente do Conselho Deliberativo, Fábio Mota. De forma interina, Mota já comandava o Leão desde outubro de 2021.

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Após Geninho, a chegada de Fabiano Soares contou com o respaldo do então diretor de futebol do Vitória, Rodrigo Pastana. O novo treinador até começou bem, com vitória logo na estreia, sobre o Manaus, por 1 a 0, pela Série C.

Durante seu trabalho, Soares ainda somaria dois triunfos seguidos, contra Confiança e Campinense, também pela Terceirona, mas parou por aí. No total, foram nove partidas, com três resultados positivos, dois de igualdade e quatro derrotas, sendo uma pela Copa do Brasil.

Fabiano Soares deixou o Rubro-Negro com 40% de aproveitamento, pouco para um time que precisava se recuperar na Terceira Divisão para sonhar com o acesso.

– Infelizmente as coisas não estão acontecendo como a gente previa. Os resultados não são bons, e nós precisamos tomar alguma ação que mude o caminho do Vitória. Portanto, nós decidimos, junto à diretoria, pelo desligamento do Fabiano Soares.- disse Pastana.

A saída de Fabiano Soares trouxe o quarto treinador do Vitória para a temporada, João Burse. A tarefa era difícil. O novo comandante assumiu o Leão na 16ª posição da Série C, com 11 pontos, seis a menos que o Manaus, último time no G-8 que se garantiria na segunda fase.

Burse estreou com empate, somou três vitórias consecutivas e passou nove jogos invicto, oito na primeira fase da competição nacional. A arrancada final garantiu o Rubro-Negro no sétimo lugar, com 29 pontos, 18 conquistados após a chegada do treinador.

Mesmo em um dos piores cenários, o Vitória comandado por Burse atingiu um nível de competitividade e se garantiu na próxima fase da Terceirona.

Além do "fator Burse", o Vitória contou com o 12º jogador que todo clube de futebol precisa para buscar aquele algo a mais durante uma situação difícil de um campeonato. A torcida rubro-negra fez a sua parte nas arquibancadas do Barradão e empurrou o time em busca da classificação e do consequente acesso à Série B. O recorde de público da Série C aconteceu na última partida da primeira fase, contra o Brasil-RS.

Mas não foi apenas no Barradão que os torcedores marcaram presença. As viagens da delegação do clube baiano para os jogos fora de casa contaram com o apoio de milhares de torcedores no que ficou conhecido como "Aeronêgo".

Em uma das mais marcantes, ainda na primeira fase, o Vitória precisava vencer o Mirassol longe de Salvador. A torcida empurrou no aeroporto de Salvador, e deu certo. O Leão ganhou por 2 a 1. Antes do jogo do acesso, contra o Paysandu, torcedores acompanharam o time do Vitória do Barradão até o aeroporto.

O cenário político do Vitória contou com um momento importante em setembro, quando aconteceram as eleições para o triênio 2023-2025. Fábio Mota foi eleito presidente do Rubro-Negro, com Djalma Nunes Abreu como vice. Para os Conselhos Fiscal e Deliberativo, venceram Raimundo Viana e Nilton Almeida, respetivamente.

A segunda fase da Série C foi outro teste de fogo para João Burse neste retorno ao Vitória. Depois de superar um cenário que chegou a ser de apenas 2,6% de chance de classificação à segunda fase, o Rubro-Negro ainda sofreu para confirmar o acesso. O time baiano subiu na segunda posição do Grupo C, com nove pontos.

Depois de estrear com vitória sobre o Paysandu, o Leão só venceu novamente na quinta rodada, diante do Figueirense. Antes, chegou a ser goleado pelo próprio clube catarinense, por 5 a 1. O acesso veio com o empate diante do Paysandu, em 1 a 1, na última rodada.

Em seis partidas, o Vitória acumulou dois triunfos, três empates e uma derrota, com quatro gols marcados e seis sofridos.

Depois do acesso, o Vitória renovou com Burse e precisou resolver pendências financeiras para poder contratar de olho na temporada 2023. O famoso "transfer ban" da Fifa, que impede o clube de inscrever jogadores, virou rotina da vida financeira rubro-negra, mas todos foram resolvidos.

– Estou no clube há um ano e três meses, nunca atrasamos um dia sequer o salário de jogadores e funcionários. Infelizmente, nesse final de ano, paramos de jogar desde setembro, desde setembro que não temos arrecadação que não seja de patrocinadores. Infelizmente, no final do ano, tivemos mais problemas de "transfer ban" do que estava planejado. Tivemos que pagar porque se não pagasse até o fechamento da CBF, que se dá hoje, dia 10 não poderíamos inscrever os quatro jogadores que faltam ser inscritos, que é o Léo Gamalho, Dankler, Blanco e Dibble. Esses quatro jogadores só podem ser inscritos dia 10, portanto a gente precisava pagar o "transfer ban". Pagamos e atrasamos sete dias o 13º salário. Pagamos ontem, esperando até o início da próxima semana concluir esse pagamento – disse o presidente Fábio Mota, na última quinta-feira.

Com as pendências resolvidas, o Vitória está livre para inscrever atletas. Os contratados são dez no total, o último o lateral-direito Zeca. Confira a lista:

No próximo dia 5, o Rubro-Negro tem duelo com o Cordino, no Barradão, que vale vaga na próxima fase da pré-Copa do Nordeste. O clube tenta se garantir na fase de grupos do torneio regional. A pré-temporada tem sido realizada desde novembro, e o primeiro teste vai mostrar se o 2023 pode começar melhor do que o último ano para o Leão.