Opinião: demissão de Condé após 5 jogos na Série A protege culpados e desrespeita história vitoriosa

• Siga o ge Vitória nos Canais do WhatsApp

Em um ano e três meses no clube, Léo Condé subiu o Vitória de divisão, conquistou o primeiro título nacional do clube, foi campeão baiano e igualou a segunda maior sequência invicta da história do Barradão. No fim, ainda serviu como escudo para Fábio Mota e Ítalo Rodrigues, principais responsáveis pela montagem de um elenco incompatível com a Série A. Como diz o meme: "aguentou muito e ainda foi simpático".

Léo Condé no Vitória:

• 73 jogos; 36 vitórias, 15 empates e 22 derrotas: 56% de aproveitamento;
• Campeão da Série B (primeiro título nacional do Vitória);
• Campeão Baiano (Vitória não vencia desde 2017);
• 23 jogos sem perder no Barradão (2ª maior sequência da história).

É claro que o trabalho de Léo Condé neste início de Brasileiro é ruim. Muito ruim. O time somou apenas um ponto em 15 possíveis e protagonizou atuações preocupantes. Como resultado, está na zona de rebaixamento do Campeonato Brasileiro. Mas o treinador do primeiro título nacional do Vitória não merecia maior voto de confiança?

O treinador que viveu situação semelhante logo na sua chegada ao clube, quando também ficou sete jogos sem vencer. Inclusive, na brilhante campanha da Série B, sofreu duro golpe em um goleada por 6 a 0 para o CRB. Em todos estes casos mostrou competência para levantar. Será que aconteceria pela terceira vez? Esta pergunta, infelizmente, nunca será respondida.

E antes que esses questionamentos chegassem à diretoria, Léo Condé foi jogado aos leões, por mais irônico que a afirmação possa ser. Diga-se de passagem, um processo comum no futebol brasileiro. O que é pior: começar com um ponto em 15 na Série A ou investir o pouco dinheiro à disposição em Luan, que já foi embora após sete jogos?

O Vitória contratou (e segue contratando) 24 atletas até aqui. Quantos são titulares inquestionáveis do time? Quantos fazem a diferença na Série A? A verdade é que Léo Condé trabalhou, na Série A, com praticamente o mesmo time que jogou a Série B ano passado. Os principais jogadores do Rubro-Negro são remanescentes de 2023. Isso diz mais sobre o técnico ou diretoria?

"Para que as coisas permaneçam iguais, é preciso que tudo mude".

No romance "O Leopardo", o italiano Giuseppe Tomasi di Lampedusa escreve sobre a aristocracia italiana do século XIX e como ela tenta a todo custo manter o poder em meio a uma revolução. Em um paralelo com a realidade rubro-negra, a mudança de treinador é o fator necessário para nada que mude na cúpula da Toca do Leão.

Treinadores do Vitória na gestão de Fábio Mota:

• Wagner Lopes;
• Dado Cavalcanti;
• Geninho;
• Fabiano Soares;
• João Burse;
• Léo Condé.

A decisão de procurar Thiago Carpini como substituto faz da demissão de Léo Condé algo ainda mais difícil de entender. Se até aqui o grande problema do agora ex-treinador do Vitória é a falta de experiência na Série A, o esperado era o contato com um profissional que atendesse esse quesito. O que não é o caso do técnico paulista.