Hoje exemplo de inclusão social, Bahia já teve estatuto que proíbia associação de “pessoas de cor”

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O barradao.com traz para você mais uma notícia do Esporte Clube Vitória.
Aqui você fica sabendo das notícias publicadas nos quatro maiores sites esportivos do Estado da Bahia, confira abaixo o que acabou de sair na mídia.

Com cerca de 80% da população negra, segundo Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua de 2018 (PNAD do IBGE), Salvador já teve no estatuto do seu clube mais popular artigo que tratava expressamente de proibição de “pessoas de cor” no quadro social. Hoje exemplo de instituição inclusiva, modelo na bandeira contra o racismo e em defesa de diversas outras causas, o Bahia de 1911 era reflexo da sociedade racista do início do século passado.

A história faz parte de estudo do historiador Ricardo Pinto, que pesquisou por quatro anos jornais, revistas, documentos oficiais do clube e trabalhos acadêmicos. O livro “História, conceitos e futebol – Racismo e modernidade no futebol fora do eixo (1889 a 1912)”, que seria lançado em abril, mas teve lançamento adiado por conta da pandemia do coronavírus, é resultado de mais de 10 mil páginas de pesquisa e retrata Salvador e Porto Alegre em processo de modernização, mas numa estrutura racista que ia dos campos à sociedade, passando pelos meios de comunicação.

Trecho do livro do historiador com estatuto do Bahia. No detalhe, o veto a "pessoas de cor" — Foto: Reprodução livro "História, conceitos e futebol"

– Em Porto Alegre existia banimento completo dos negros das páginas de jornais. Em Salvador, tem a presença marcante dos negros jogando futebol, mas o que a imprensa diz naquele momento: que eles estavam fazendo coisa errada, que não era aquele futebol que era para ser jogado, que eles acabariam deturpando esporte – conta o historiador, que fundou e coordenou o Centro de Memória do Vasco e é doutor em História pela UFRJ, com especialização em racismo no esporte.

– O esporte ideal era o das elites, dos brancos, dos filhos das mais abastadas famílias. Então, a realidade era: ou se bane das páginas de jornais ou se coloca de forma negativa.

Bahia lança campanha contra o racismo institucional. Clube hoje é símbolo de defesa das minorias — Foto: Reprodução

Da Editora Appris, livro seria lançado em abril, mas foi adiado por conta da pandemia do coronavírus — Foto: Reprodução

Se no Bahia, havia parágrafo único de vedação aos negros – com acréscimo ainda que deveria constar “a profissão honrosa” do proponente, trecho retirado de pesquisa do historiador baiano Henrique Sena dos Santos -, o Vitória tratava de outra maneira a discriminação racial.

– O Vitória colocava que era preciso ter “bom comportamento” para não assumir o racismo de forma explícita. Assim condiciona quem você vai atingir. Tinham clareza de que, por exemplo, trabalhadores braçais não podiam frequentar esses grandes clubes. Quem são? Os caixeiros, os motoristas, os empregados… Tinham clareza de que pessoas com aquelas funções eles não queriam ao seu lado.

Ricardo Pinto criou Centro de Memória do Vasco em 2009 — Foto: Arquivo pessoal

Em época de futebol amador, em que apenas sócios podiam jogar, Salvador tinha liga de futebol alternativa formada majoritariamente por negros. Nos clubes da elite baiana, o futebol seguia seu rumo separado do público em geral.

– As camadas populares assumem o jogo público por quase uma década (de 1910 a 1919) e era fantástico. Em nenhum outro estado dominaram o cenário esportivo. Isso muda quando a Bahia começa a entender que precisa modernizar a cidade e isso passa pelo esporte. A elite volta para o futebol público, sai de dentro dos clubes e joga para a plateia, com camada popular, com todos misturados. Então os grandes clubes voltam a assumir o futebol e as camadas populares tentam sobreviver nessas ligas que têm muito dinheiro – conta Ricardo Pinto.

Liga da Canela Preta em Porto Alegre

O escritor partiu para a ideia do livro depois de estudar casos no Rio de Janeiro, em São Paulo e em Buenos Aires. Sentiu muita diferença nos contextos históricos das maiores cidades brasileiras para outros centros importantes, como Salvador e Porto Alegre. Na capital gaúcha, poucos anos depois da abolição da escravatura legal (1888), negros e operários se concentravam na região central da cidade e formaram sua própria liga de futebol.

Em 2017, cineasta gaúcho lançou documentário sobre a liga que ficou conhecida como Canela Preta — Foto: Reprodução

– Os negros em Porto Alegre formaram uma verdadeira colônia africana. Essa mudança, como aconteceu em Salvador, demora mais tempo, mas atende a mesma lógica: quando o futebol começa a gerar dinheiro, não interessa quem vai me levar a vitória. Contato que não frequente o mesmo lugar que o meu. Isso ocorre de forma mais emblemática e estruturada na década de 1930 com a profissionalização. É o grande marco da relação de classes no futebol – explica o historiador.

O livro “Liga da Canela Preta, a história do negro no futebol”, de José Antônio dos Santos, é uma das obras que relata este campeonato quase invisível ao qual Pinto se refere. Nas pesquisas, foram poucos relatos sobre qualquer notoriedade do esporte.

– Eram clubes de subúrbio, formados por operários, negros. Essa liga era banida das páginas dos grandes jornais. Temos indícios sobre ela apenas em pequenos trechos de jornais pequenos.

Fonte: https://globoesporte.globo.com/futebol/noticia/hoje-exemplo-de-inclusao-social-bahia-ja-teve-estatuto-que-proibia-associacao-de-pessoas-de-cor.ghtml


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Portanto, por isso, assim sendo, por conseguinte, conseqüentemente, então, deste modo, desta maneira, em vista disso, diante disso, mediante o exposto, em suma, em síntese, em conclusão, enfim, em resumo, portanto, assim, dessa forma, dessa maneira, logo, pois, portanto, pois, (depois do verbo), com isso, desse/deste modo; dessa/desta maneira, dessa/desta forma, assim, em vista disso, por conseguinte, então, logo, destarte.