Ex-técnico do sub-20 do Vitória, Lucas Grillo enxerga a base rubro-negra com "muitos talentos"

Ex-técnico sub-20 Vitória Lucas

O barradao.com traz para você mais uma notícia do Esporte Clube Vitória.
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Sem dinheiro em caixa, e prestes a ser impedido de realizar contratações, o Vitória já sabe que vai precisar recorrer às divisões de base para montar o elenco da próxima temporada. A boa notícia é que o clube deve encontrar bons valores por lá. Ao menos é o que garante Lucas Grillo, ex-treinador do time sub-20 do Rubro-Negro.

“O Vitória tem realmente muitos talentos na base. Não apenas na categoria sub-20, mas em outras categorias também”, afirma Grillo.

– A questão de estar pronto ou não, acredito muito que é um processo de continuidade. A gente só vai saber se o atleta vai dar resposta colocando o atleta para jogar. Às vezes o atleta do sub-20 não é o que está se esperando, o sub-17 é lançado e dá a resposta. Então, acho que é muito da coragem de colocar para jogar e da personalidade que o atleta vai ter para corresponder ou não. Talento tem. Mas não é apenas o talento que faz o atleta corresponder dentro de campo – completou o profissional.

1 de 1 Lucas Grillo, técnico do futebol feminino do Vitória — Foto: Kadu Brandão/Divulgação

Lucas Grillo, técnico do futebol feminino do Vitória — Foto: Kadu Brandão/Divulgação

Apesar das referências positivas, Grillo deixou um alerta sobre os riscos de recorrer à base em um momento tão delicado. Em 2022 o Vitória vai disputar a Série C pela segunda vez na centenária história rubro-negra. O profissional entende que os atletas, ainda em formação, não podem carregar a responsabilidade de devolver o time à Segunda Divisão.

– Não sei se nesse momento seria a obrigação de um atleta da base chegar para resolver na Série C. Acho que não deveria ser por aí. Não seria responsabilidade dele. Mas, durante o processo de formação, preparamos os atletas para enfrentar situações de stress e consigam contribuir. Mas, como falei, não acho que seja responsabilidade do atleta da base resolver isso, essa situação de Série B para Série C, situação de acesso. Mas qualidade técnica sim, tem atletas com condições de ajudar e contribuir com o grupo para brigar por todas as competições que o Vitória vai enfrentar em 2022 – avaliou.

Demissão

O rebaixamento do Vitória para Terceira Divisão obriga o clube a passar por uma reformulação. Reformulação essa que já está em andamento, e não afeta apenas os jogadores. O movimento de saída da Toca do Leão também alcançou o quadro de funcionários, e chegou até Lucas Grillo.

Ele foi desligado do Vitória na semana passada e disse ter sido pego de surpresa pela decisão da nova diretoria rubro-negra.

“Acabei sendo surpreendido com o desligamento. Coisas que acontecem no futebol”, lamentou o profissional.

– Na reunião que tivemos com o novo diretor da base, foi garantido a permanência dos profissionais. Apresentado que o Ricardo [Amadeu] assumiria a equipe como treinador. Eu já sabia que seria auxiliar, tinha total ciência disso. Quando foi dada a palavra para os profissionais, eu perguntei se os planos do clube era que eu continuasse. Dando sequência ao meu trabalho, voltando para o cargo que fui convidado a fazer na equipe sub-20. Me foi passado que sim. Perante todos os treinadores da base, todas as comissões da base, me foi passado que eu continuaria – contou Lucas Grillo.

Trajetória

O treinador estava na Toca do Leão desde 2017. Inicialmente ele trabalhou com o futebol feminino, e fez parte de campanhas importantes no cenário nacional, como o acesso para a primeira divisão da categoria, em 2018. Naquela temporada as Leoas foram campeãs estaduais e ficaram em terceiro na Copa do Nordeste.

– Ingressei no Vitória em 2017, através do futebol feminino. Estávamos tentando reestruturar o futebol feminino. Tínhamos realmente o objetivo de alavancar o futebol feminino no cenário nacional – conta Lucas.

Em 2021 o profissional recebeu um convite para trabalhar no futebol masculino, com as categorias de base do Leão. Ele chegou ao sub-20 como auxiliar, e depois assumiu o comando da equipe de forma interina.

Sob a batuta de Lucas, o Vitória fez boa campanha na Copa do Nordeste sub-20. Recentemente, já sem o treinador, o Leão confirmou uma vaga na semifinal da competição regional.

– Vim para ser auxiliar. Como não tinham contratado treinador, o Paulo Isidoro tinha acabado de sair, precisei assumir, dentro das necessidades do clube. Fizemos um bom trabalho para a preparação da copa do Nordeste. (…) Se confirmou a classificação com o empate devido a campanha que construímos enquanto estava à frente da equipe durante todo o processo da preparação da Copa do Nordeste e início da primeira fase – avalia.

Outros trechos da conversa com Lucas Grillo:

Futebol feminino
Em 2018, iniciamos o trabalho das divisões de base do futebol feminino. O mercado ficou cada vez mais difícil de contratar. Então, entendemos que como tem muitas meninas baianas em outros times no cenário nacional, era ideal formar meninas aqui para abastecer o time principal com mais facilidade. E aí, no ano de 2018, foi o ano de maior marco. Conseguimos o título estadual, fomos campeões baianos invictos, conseguimos o acesso à primeira divisão do campeonato brasileiro de maneira invicta também, não perdemos nenhuma partida. Perdemos a final, infelizmente, nos pênaltis. E ficamos em terceiro na Copa do Nordeste. Nós ficamos com alguns resultados expressivos na base. Fomos o 8º lugar no Campeonato Brasileiro sub-18, 4º lugar no sub-26, o que credenciou para outras competições. Tivemos algumas atletas convocadas para as seleções de base. E posteriormente as atletas que estavam sendo convocadas para a base foram convocadas para a principal. Como no caso da Tainara, que hoje faz parte da seleção principal, faz parte da renovação da seleção principal com a Pia. Em 2019, conseguimos um feito bem marcante, pelas condições que tínhamos, a estrutura que nos era ofertada. Competindo com equipes de maior investimento, ficamos em 9º no Campeonato Brasileiro. Brigamos pela classificação até a última rodada. Tínhamos acabado de vir do acesso e brigamos pela classificação até a última rodada, o que chamou a atenção do cenário nacional, atraiu os olhos do futebol feminino nacional para o Vitória. Outras equipes passaram a se interessar pelas meninas formadas na nossa casa. O Vitória já era uma fábrica de talentos, passou também a ser uma fábrica de talentos no futebol feminino. Isso chamou muito a atenção. A partir daí, infelizmente as condições… como o investimento no futebol feminino está atrelado ao futebol masculino profissional, passamos a ter mais dificuldade para formar elenco, pelo investimento baixo, devido a condição do clube. Não conseguimos permanecer na elite. Enquanto tivemos a estrutura mínima necessária, brigamos de igual para igual com equipes de investimento maior que o nosso.

Surpresa com a demissão
– Ainda falei que sou um profissional que sou um profissional que, graças a Deus, com o nome que construí nesse período, a passagem que tive por outras divisões de base, outros clubes profissionais, fiz um nome no mercado. Eu tenho portas abertas em outros lugares. Mas os clubes não iam ficar me esperando para fechar contratações. Precisava saber se era da vontade do clube ficar comigo naquele momento. Se não fosse, preferia ser desligado naquele momento para aproveitar outras portas que estavam abertas até aquele instante. Me foi passado que o trabalho continuaria, eu continuaria dando sequência, obviamente como auxiliar. Já que tinha vindo um treinador. Não foi o que aconteceu. Passaram-se alguns dias, a primeira fase da Copa do Nordeste, a liderança da Copa do Nordeste, e ainda assim fui desligado. Antes de acontecer, questionei mais uma vez. Falei que se não fosse da intenção do clube continuar comigo, era melhor sair agora. Eu não poderia ser surpreendido. Sou um profissional, tenho mercado e preciso aproveitar as portas que estavam abertas para mim. SE não for do desejo, prefiro sair agora e aproveitar outras portas. Seguir minha vida, e o clube segue a dele também, como acontece naturalmente no futebol. Entendo perfeitamente. Infelizmente me foi garantida a permanência, e na sequência não houve o cumprimento dessa palavra. Mas, não vou ficar lamentando, não posso ficar remoendo. Tenho muita gratidão ao Vitória por todas as oportunidades que me foram dadas. Sei que fui muito bom para o Vitória. Sou um profissional que se dedicou ao extremo desde que entrei até o momento que fui desligado. Houve uma troca realmente. Foi recíproco. As oportunidades que o Vitória me deu, com toda minha vontade de trabalhar, toda minha vontade de superar as dificuldades depositadas para me tornar o profissional que sou hoje e contribuir da melhor forma para o Vitória.

Ainda acompanha o sub-20?
– Não fui ao estádio. Feliz a gente não fica com a situação. Infelizmente tenho total ciência que minha saída não foi competência. Foi por qualquer outro motivo que eles queiram acreditar. Mas por competência os números falam todos a meu favor. Desde o futebol feminino, mesmo com a falta de investimento continuei dando resultado. Atleta indo para a Seleção, saindo para outras equipes, no processo de formação. Processo de divisão da base masculina também. Estávamos liderando a competição, com um time que de certa forma vinha desacreditado. Era apenas para fazer um bom trabalho. E ser desligado, você fica meio sem entender. Sei que coisas acontecem no futebol, a gente já viu muita coisa nesses 15 anos de profissão. Mas a gente acaba se surpreendendo cada vez mais com coisas negativas. Assisti ontem pela internet. Enfim, a gente também não pode ficar nessa viuvez, sofrendo. A gente assiste ao jogo, acompanha. Assistir jogos, tanto na base quanto no profissional, é um processo natural para os profissionais. Tem que assistir para ir se atualizando, ver se tem algo diferente. Para ver se tem alguma novidade. Mas, a forma que assisti foi mais imparcial. O resultado para mim já não fazia tanta diferença por estar fora do processo. Não torci contra ou a favor. Quis ver um bom jogo.

Futuro profissional
– Eu tinha, até curioso de falar, eu tinha duas propostas quando houve a reunião. Infelizmente as vagas foram ocupadas durante os dias que permaneci na frente da equipe sub-20. Não me arrependo. Precisava realmente vivenciar. Como tive no profissional do Jacuipense, que precisava vivenciar, já tinha tido no profissional como preparador físico. Precisava me testar como treinador da equipe profissional e me testei, tive boa resposta. Precisava estar à frente da equipe sub-20 do Vitória para ver como seria minha resposta. E não me arrependo disso. Tinha duas propostas. Na verdade, três. Duas de equipes profissionais e uma do futebol feminino. Mas naquele momento não era o que eu objetivava para minha vida. Nesse momento, as portas que eu tinha se fecharam e ainda não tenho proposta concreta de saída. Mas tem algumas situações de conversa, sondagens. Por experiência própria, como quando saí do Bahia em 2013, logo de cara para a primeira proposta que apareceu e não foi muito saudável para minha carreira. Prefiro analisar com mais cuidado. Ver o que realmente possa aparecer de melhor para mim e aproveitar um pouco esse fim de ano ao lado da minha esposa e da minha filha para matar a saudade do dia a dia. Analisar com calma, me preparar melhor, estudar coisas novas para evoluir cada vez mais e aproveitar da melhor forma a próxima oportunidade que aparecer. Seguir o meu caminho da melhor forma, trilhar o meu caminho, com fé em Deus, com sucesso, torcer para que o Vitória se reestruture da melhor forma. Vai ficar minha torcida por toda gratidão que tenho ao clube. E quem sabe lá na frente a gente se encontre.

Fonte: https://ge.globo.com/ba/futebol/times/vitoria/noticia/ex-tecnico-do-sub-20-do-vitoria-lucas-grillo-enxerga-a-base-rubro-negra-com-muitos-talentos.ghtml


Ex-técnico sub-20 Vitória Lucas


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