Apresentado no Vitória, Geninho compara cenário com trabalhos anteriores: "Agora situação é pior"

Apresentado Vitória Geninho compara

O barradao.com traz para você mais uma notícia do Esporte Clube Vitória.
Aqui você fica sabendo das notícias publicadas nos quatro maiores sites esportivos do Estado da Bahia, confira abaixo o que acabou de sair na mídia.

Na tarde desta sexta-feira, um dia depois de ser anunciado como novo treinador do Vitória, Geninho foi apresentado na sala de imprensa da Toca do Leão. Durante cerca de 40 minutos o treinador falou sobre o elenco, reforços, a disputa da Série C, e outros assuntos. Depois, se despediu dos jornalistas e foi comandar o primeiro treino desta quinta passagem dele pelo clube.

1 de 2 Geninho em apresentação do Vitória — Foto: Victor Ferreira/EC Vitória

Geninho em apresentação do Vitória — Foto: Victor Ferreira/EC Vitória

Essa é a quinta vez que Geninho assume o comando do Vitória. O treinador já está acostumado a encontrar o clube em cenários complicados, como o da última passagem, quando ele foi contratado para salvar o Leão do rebaixamento para a Série C, e conseguiu. Apesar da experiência, o técnico se mostrou assustado com o panorada atual.

"São duas situações difíceis, mas diferentes. Acho que agora a situação é pior", avaliou.

– Estou aqui hoje por causa da não classificação no Baiano. Não participei daquele momento e não posso mudar isso. Vou praticamente começar um trabalho novo. Da outra vez, em 2019, era um trabalho em andamento, no meio de uma Série B. Tinha jogadores mais experientes, tinha mais jogadores que eu conhecia – completou o Geninho.

O primeiro desafio de Geninho para mudar esse cenário de crise já tem data para acontecer. Na próxima quarta-feira o Vitória tem um jogo único eliminatórioa contra o Glória-RS, pela segunda fase da Copa do Brasil. Quem avançar no Barradão, soma R$ 1,9 milhão em premiações da CBF.

Geninho reconheceu importância da partida e deixou claro que vai fazer mudanças no time. De acordo com o técnico, o resultado no Campeonato Baiano serve como indicativo de que o trabalho não estava dando certo.

– Eu não tenho como chegar com um time montado. Muitos desses jogadores eu não vi jogar. Não vi o time do Vitória jogar. A partir de agora vou chegar de cabeça, ver vídeos do Vitória. Vai ser pouco tempo de trabalho para esse jogo, que tem uma expectativa muito grande de vitória. Vamos trabalhar sábado, domingo, tentar conhecer o máximo possível o grupo que eu tenho na mão. Vou me basear em conversas, análises. Tentar conhecer o grupo. Vou tentar colocar as minhas ideias. Não posso repetir o que estava sendo feito, porque os resultados não vieram, então aquilo não estava dando certo. Uma coisa eu tenho certeza que vou conseguir mudar. A atitude. O time tem que ter a minha vontade de ganhar, tem que me representar lá dentro. Eu aceito a derrota, mas não admito ela. Isso eu tenho que passar para meu time – comentou.

2 de 2 Geninho em apresentação do Vitória — Foto: Victor Ferreira/EC Vitória

Geninho em apresentação do Vitória — Foto: Victor Ferreira/EC Vitória

O treinador também falou sobre a disputa da Série C do Campeonato Brasileiro, principal competição no calendário do Rubro-Negro. Geninho lembrou da mudança no regulamento da Terceirona e apontou que o Vitória não vai ter vida fácil no certame nacional.

– Mudança de regulamento complicou as coisas. Adversários bem mais fortes. Os times do Sul vão chegar babando. Só um exemplo, o Ypiranga lidera o Campeonato Gaúcho. Mas vamos fazer com que o Vitória volte a ser grande e respeitado. A camisa do Vitória pesa. (…) De início existia uma diferença muito grande entre as Séries. Hoje temos cinco campeões brasileiros na Série B. A mesma coisa com a Série C, muito qualificada agora. Tanto que a CBF mudou o regulamento. Agora, a maneira como se joga, isso interfere. Se o Vitória entrar na Série C achando que vai subir porque é o Vitória, não vai. É um futebol de resultado, não de espetáculo. Mesmo na Série A. Um exemplo é o Palmeiras. Na Série C esse leque aumenta mais. Na Série C temos mais equipe com chances de subir do que o número de times que disputam o título na Série A. Na Série C acho que temos de dez a 12 times com chance de subir. Claro que a técnica faz diferença. Uma jogada individual ganha um jogo para você. Mas se junto com isso não existir a vontade de vencer, de ganhar, de brigar pela bola como se briga por um prato de comida, você não chega em lugar nenhum – avaliou.

Na reta final da entrevista, Geninho também responde sobre contratações.

– Sobre o conhecimento, cheguei aqui umas 11h e só falo de futebol desde que cheguei. Estou acumulando conhecimento. Já sei muito mais do que sabia quando desci do Avião. Conversei com o pessoal da comissão técnica. Não existe o descarte de contratações, elas poderão acontecer dentro da necessidade. Até agora estou só na teoria, ainda não fui para prática. Então eu quero ver se aquilo que me passaram é verdade. Mas existe a possibilidade da chegada de jogadores – disse o técnico.

Fora do mata-mata do Baiano, o Vitória volta a campo na próxima quarta-feira, pela segunda fase da Copa do Brasil. O Rubro-Negro recebe o Glória-RS, no Barradão, para um confronto único eliminatório. Quem vencer avança na competição nacional. Em caso de empate, disputa de pênaltis.

Confira outros trechos da entrevista coletiva de Geninho:

Conhecimento do time:
– Se eu falar de qualquer coisa, vai ser prematuro. Eu tenho que partir de uma ideia de que o que existia aqui não deu certo. Preciso ver com calma o que fazer para o time render mais. Saber quem vai executar as melhores funções, e para isso preciso de tempo. Já falei, alguma coisa eu vou mudar. Não posso ir para o jogo de quarta com o mesmo time. Então aquilo que não deu certo, perde espaço. Posso até usar o mesmo esquema, mas com outras peças. Existem possibilidades. Mas nem fui no campo, nem conversei com jogadores ainda.

Jadson e outros jogadores
– Vou conversar. Sentir se ele estão com vontade, e dar a chance de que eles façam. Se não fizerem, só tem um caminho: fora. Não estou dizendo que vou mandar ninguém embora, mas vou conversar. Conheço o Jadson há anos, do Athletico. Um jogador que fez parte de um grupo ótimo. Ele sabe muito bem como eu sou, tem amigos que foram meus jogadores. Vou conversar com todos, tentar tirar de cada um o melhor. Atitude é fundamental. Não quero saber o que eles fazem lá fora, mas aqui dentro, eles têm que comer na minha mão. Esse é o caminho. A única maneira de ajudar o Vitória é com resultados. Se eu não cobrar, os caras não vão fazer. Não quer fazer? Então sai. Eu posso ser o melhor amigo dos meus jogadores, mas também posso ser o mais chato na vida deles.

Base x profissionais
– Como eu sempre trabalhei aqui. O Vitória tem um dos melhores trabalhos de base do Brasil. O Vitória já teve um crescimento muito grande graças a base. Acho que quem amadurece é fruta. A pessoa não amadurece. Se o garoto tiver mais qualidade que outro, vai jogar o garoto. Não tenho problema com isso. O jogador apareceu, mostrou que tem qualidade, ele vai jogar. A meninada vai ter chance sim, mas não pode chegar com salto alto, cabelo pintado de amarelo, rebolando. Acho que o melhor tem que jogar.

Relação com a torcida
– Minha história vem desde que eu cheguei aqui, como um goleiro medíocre. Quando eu cheguei aqui isso era um lixão. (…) Eu daria um excelente guia turístico em Salvador, conheço muito disso aqui. E esse é o meu sentimento com o torcedor do Vitória. Eu sou aberto para eles. Não fujo. O torcedor é a alma do time. Eu fui campeão brasileiro em 2001 e digo que 50% daquele time era a torcida, que não deixava o time parar. Então acho que o torcedor do Vitória tem essa mesma propriedade. Já fiz jogos difíceis que a torcida ajudou o time a ganhar. Ele incendiou a Toca e nos empurrou para cima. O torcedor sabe que eu quero o melhor para o Vitória. Eu erro, mas erro tentando acetar. E o torcedor sente isso. Que hoje tem um cara trabalhando no Vitória, e que quer o bem do Vitória. É fundamental a torcida jogar junto na quarta-feira. Vou precisar desse reforço. Não no banco, mas na arquibancada.

Disputa de poder no clube
– Na parte administrativa eu não posso fazer nada. Não vim aqui para isso. Vim para trabalhar no futebol. Já estive em muitos cenários, de atraso, de salário em dia, de muita confiança, de pouca. Mas não vim para palpitar sobre isso. Não só sobre o Vitória, mas em time nenhum. Se cada um fizer sua função bem, maravilha. Vim para ganhar jogos, trazer aquilo que todo mundo quer: vitórias. Estar entre os quatro, entre os dois, em primeiro. Então essa é minha forma de trazer a paz.

Como gosta de jogar
– Tenho que montar minha equipe de acordo com as peças que eu tenho. As vezes alguém olha e diz “Geninho está com 70 anos. Não vou contratar”. Eu tenho N amigos na Europa, eu times grandes, e costumo viajar muito para aprender lá. Vou ver os caras treinarem, entender o que está acontecendo. Essa vinda dos portugueses agora está na moda jogar com três zagueiros. Eu joguei com esse esquema em 2001, com o Athletico-PR. O Felipão conversou comigo antes de usar o 3-5-2 para ser campeão mundial em 2002. Então eu faço isso há 20 anos. Gosto de brincar que estou desatualizado. Agora, preciso olhar para meu grupo e entende as características dos jogadores. O ideal é ter jogadores para que você possa mudar o esquema durante o jogo, sem nem trocar peças. Esse é o ideal. Entrar com um esquema e quando precisar ir para outro. Mas para isso é preciso treinar.

Chegada e apresentação
– Minha chegada começou praticamente em dezembro, quando fui convidado para fazer parte de uma reconstrução. Infelizmente não pude assumir, mas ajudei e colaborei como foi possível. Poderia até ter feito mais. Acabei avalizando dois ou três jogadores que conhecia naquela época. Estou aqui no Vitória hoje, ainda faltam alguns detalhes para que a gente feche o contrato, mas isso não é novidade. Nunca coloquei o dinheiro na frente do Vitória. Da última vez que estive aqui, comecei a trabalhar sem saber qual seria meu salário. Tenho um lastro aqui que me fazem tomar decisões que eu não tomaria em outros clubes. Acho que as coisas acontecem no momento e hora certa. Então estou aqui. (…) Nós vivemos de resultados. Os resultados dizem se vamos continuar ou não. Minha chegada foi rápida porque já estava tudo acertado em dezembro. Eu apenas não podia vir. Mas já tínhamos conversado sobre muitas coisas. Então já estava praticamente tudo definido. A pergunta que me foi feita foi “Você agora está em condição de treinar o Vitória?”. E aqui estou eu, para tentar ajudar o Vitória, como ajudei das outras vezes que estive aqui. Não sou mágico, acho que as coisas acontecem com trabalho. Vou ser uma peça na engrenagem. Vou procurar fazer meu melhor. Sou o mesmo Geninho que esteve aqui da outra vez. Espero que mais uma vez a gente possa ter essa convivência com resultados positivos. Um time que tem história como o Vitória, precisa voltar a ser grande. A Série C não é o lugar do Vitória. Vou tentar fazer a minha parte, mas dependo de todo mundo. Da diretoria, e principalmente dos jogadores.

Fonte: https://ge.globo.com/ba/futebol/times/vitoria/noticia/2022/03/18/apresentado-no-vitoria-geninho-compara-cenario-com-trabalhos-anteriores-agora-situacao-e-pior.ghtml


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