Campeão brasileiro lembra atrito
O barradao.com traz para você mais uma notícia do Esporte Clube Vitória.
Aqui você fica sabendo das notícias publicadas nos quatro maiores sites esportivos do Estado da Bahia, confira abaixo o que acabou de sair na mídia.
O Ema e o Guaraburguer ganharam um reforço de peso para a disputa do campeonato intermunicipal de Prado, município de 35 mil habitantes no interior da Bahia. Trata-se do atacante Marquinhos, que surgiu como joia do Vitória no início da década passada, passou por Palmeiras e Flamengo e foi campeão brasileiro pelo Cruzeiro, em 2014.
Marquinhos conta como era a relação conturbada com Vanderlei Luxemburgo
Aos 34 anos, Marquinhos ainda poderia estar em um grande clube do país, mas uma série de fatores o fizeram estar em momento de recomeço na várzea. Ele conta que as lesões e a falta de oportunidades com o técnico Vanderlei Luxemburgo foram alguns dos obstáculos na carreira.
O caminho dos dois profissionais se cruzaram em quatro oportunidades: no Palmeiras (2009), Flamengo (2010), Cruzeiro (2015) e Sport (2017). Em todas elas, Marquinhos não conseguiu brilhar.
"Para te falar a verdade, eu nunca entendi o Vanderlei. Todos os lugares em que trabalhamos juntos, eu tive essas complicações com ele, principalmente de oportunidade" , desabafa.
– No Cruzeiro mesmo eu estava bem, dando passe e fazendo gols, mas quando ele chegou acabou me afastando. Isso para a gente é muito complicado, desanima e perde a confiança. Foram quatro ou cinco vezes em que trabalhamos juntos, e ele sempre me afastou. Ele sempre queria mudar minha posição, mas eu não aceito, não abro mão do meu estilo de jogar. Se for no decorrer do jogo tudo bem, mas mudar minhas características sendo que tem outros atletas da posição, isso pra mim não cabe.
Em 2017, Luxemburgo usou as redes sociais para rebater a suposta birra com o jogador. Na época, Luxa afirmou que a falta de oportunidades se deu pelo rendimento de Marquinhos dentro de campo. O ge tentou contato com o treinador, mas não obteve resposta até a publicação desta matéria.
– Li que o Marquinhos falou eu tenho uma birra com ele. É um jogador que eu conheço muito bem. Jogou comigo no Palmeiras, quando o trouxe do Vitória. Depois, ainda trabalhou comigo no Flamengo e no Cruzeiro. Já rodou bastante e não se firmou em lugar algum. Agora, jogou três ou quatro partidas no Sport, aproveitado pelo Daniel, e o clube saiu da confusão. Ele foi bem nessa reta final e, agora, vem falar de perseguição e esquece de olhar sua performance. Será que é perseguição ou é ele que está devendo alguma coisa na carreira? Se não se firmar aqui e ali, não é culpa do treinador – escreveu Luxemburgo na época.
Depois de encontrar Luxa pela última vez no Sport, em 2017, Marquinhos teve uma boa sequência de jogos pelo América-MG antes da carreira tomar outros rumos. Sem brilhar no Guarani e Bahia de Feira nos dois anos seguintes, o atacante reencontrou a boa fase longe do Brasil.
Volta à boa fase em Hong Kong
Como um bom interiorano e apegado à terra natal, Marquinhos não queria nem saber em sair do país e ficar longe da família. Mas ele viu no Hong Kong Pegasus, de Hong Kong, a oportunidade de voltar a jogar em alto nível. E a expectativa se concretizou com boas atuações, que renderam ao atleta onze participações em gols em 18 jogos (oito bolas na rede e três assistências) e admiração que virou destaque em matéria de jornal de Hong Kong.
– Eu nunca quis viajar para fora do Brasil depois que eu coloquei na minha mente que eu não queria sair. Mas acho que naquele momento ir para Hong Kong foi um desejo de retomar minha alegria de jogar futebol. Você com alegria e tranquilidade faz quase tudo perfeito. O acolhimento e a força que os jogadores me deram no dia a dia foram muito importantes. Eu fico feliz por ser bem visto lá até hoje. Eles mandam mensagens agradecendo, perguntando como eu estou… Até hoje alguns atletas falam que se inspiram em mim. Isso aí pra gente é gratificante. Eu fui um dos melhores jogadores da competição de lá e fiz uma bela passagem. Só me resta agradecer ao futebol – lembra o jogador.
Perda irreparável e pausa na carreira
Marquinhos explica pausa na carreira após morte do pai
Depois de um ano vivendo um dos pontos altos da sua carreira em Hong Kong, Marquinhos voltou ao Brasil e ficou sem chão ao receber uma notícia difícil que mudaria a sua vida. Os atritos com Luxemburgo, as lesões, a falta de continuidade… Nada disso teve um impacto tão grande quanto a morte do seu pai, Antônio Geraldo, em 2021, por complicações da diabetes.
A perda de uma das suas referências de vida deixou Marquinhos sem rumo na carreira. O atacante teve que lidar com traumas que perduram até hoje. Desde então, entrar em campo se tornou uma tarefa ainda mais desafiadora.
– Eu estive em Hong Kong por um ano e quis vir para o Brasil de novo. Quando cheguei em Salvador tive a notícia que meu pai faleceu. Eu tinha outras propostas, mas tive que cancelar para ver minha família e refletir. Foi um baque para mim. Quando eu perdi meu pai eu perdi meu mundo, na verdade. Eu ainda fui para o CSA e tentei me reanimar para jogar, mas minha cabeça não estava legal, não estava me sentindo bem. Foi um momento muito difícil para mim, estava complicado seguir na carreira.
O falecimento do pai foi o freio da carreira de Marquinhos, que dava sinais de recomeço após boa passagem pela Ásia. Depois da perda, ele até tentou voltar, jogou quatro partidas pelo CSA, mas se viu tomado por um sentimento de tristeza e desânimo que sempre atrapalhava. À época, chegou a chorar após ao anotar um dos seus quatro gols no período no clube alagoano.
Marquinhos se emociona, ao comentar o gol e a vitória do CSA sobre o Coritiba
– Muitas pessoas até hoje me dão forças para voltar, muitos times me ligam, e eu nego com muito aperto no coração. É questão da minha mente mesmo de querer dar um tempo para mim.
"Eu até tentei voltar, mas vi que tinha muitas dificuldades de concentração, às vezes não conseguia dormir para ter um dia tranquilo no treinamento e no jogo. Às vezes a imagem do meu pai vinha na minha mente", explica Marquinhos.
Marquinhos, então, deu uma pausa na carreira, em 2021, e só voltou as campos em 2024, desta vez no futebol de várzea.
Joia e comemoração marcante no Vitória
Mas antes dos traumas familiares e dos atritos com treinador, Marquinhos foi um daqueles jovens que brilharam logo no seu primeiro ano como profissional. Em 2008, com a camisa do Vitória, ele marcou oito gols em 34 partidas e teve desempenho de encher os olhos dos rubro-negros na volta da equipe à Série A após anos de crises e rebaixamento para a Série C.
– Tudo começou quando eu recebi um convite para ir para o Vitória. Foi até minha mãe que mandou um aviso para minha escola dizendo que eu tinha que voltar para casa porque tinha uma viagem marcada para Salvador. Iria fazer um teste no Vitória. Cheguei no Vitória com 12 ou 13 anos de idade. Foi o professor Edgar que me aprovou na avaliação e já me mandou para as categorias de base do Vitória. Treinei, logo em seguida participei de um jogo, fui bem e caí nas graças do treinador – lembra.
A performance naquela temporada rendeu ao jogador destaque na boa campanha do Rubro-Negro na Série A, transferência para o Palmeiras, em 2009, e convocação para seleção brasileira sub-20.
– Foi um momento muito importante para mim. Eu tive muitas contusões também, mas foi um momento de alegria. A felicidade de estar conquistando alguma coisa na vida é muito grande. O mais importante ali para mim era a minha alegria, a alegria e a força que o grupo me dava. Quando a gente sobe para o profissional tem que ter tranquilidade e também respeitar os mais velhos, saber o momento certo de fazer as coisas. Eu tive vários jogadores que me deram essa força e essa tranquilidade tanto em campo quanto na concentração, como o próprio Ramon e o Jackson. Consegui focar no meu trabalho e focar só no futebol – contou atacante.
No Vitória, Marquinhos iniciou a caminhada no futebol, ganhou projeção nacional e eternizou uma comemoração simulando o bater de asas de uma águia.
Atacante Marquinhos é o símbolo da boa fase do Vitória no Brasileirão
– Essa marca ficou registrada em mim graças ao preparador físico Alex Fernandes, um cara que trabalhou muito tempo no Vitória e me ajudou bastante quando eu cheguei na base. Quando eu tive a lesão eu fiquei desanimado, chorando e pensei em desistir. O Alex me deu força, sempre perguntou como eu estava. Ele tinha uma tatuagem de uma águia na costela, e eu, como forma de agradecimento, comemorei todos os gols como uma águia. E isso virou uma marca minha, eu agradeço a ele por tudo. Muitas pessoas até hoje me chamam de águia, é motivo de muita alegria para mim.
Lesões no Palmeiras e discussões no Flamengo
Após explodir no Vitória, Marquinhos vivia a expectativa de manter o bom momento no Palmeiras e na seleção sub-20. Contudo, os anos seguintes foram de pouco brilho e lesões.
– Antes de ir para o Palmeiras eu fui para a seleção brasileira [sub-20], iria disputar o Mundial. Foi lá que eu me machuquei. Na verdade eu já estava machucado, joguei várias partidas lesionado no Campeonato Brasileiro pelo Vitória, eu escondi a lesão. Mas quando eu cheguei na Seleção descobriram que eu estava com uma hérnia inguinal. Fui direto para São Paulo, para o Palmeiras, fazer a cirurgia e fiquei um tempo parado.
Ele também sofreu para engrenar no Flamengo, em 2010, então campeão brasileiro e com estrelas no elenco como Adriano Imperador e Petkovic. À época, recusou um pedido para atuar como lateral-direito no clube.
– Flamengo é Flamengo. A gente sabe a grandeza dessa camisa. Para mim foi uma alegria também, meu pai era flamenguista, minha mãe e meus irmãos também são flamenguistas. Para mim foi uma alegria, agradeço também ao Rogério [Lourenço], que era treinador lá na época e me deu a maior força para chegar lá. Mas tive muitas discussões com treinadores porque eu queria jogar e acabava não tendo oportunidades, outros queriam me colocar na lateral direita e eu não aceitava. Essas questões também foram uma complicação.
Volta da alegria no Vitória
Mas Marquinhos conseguiu se reencontrar com o futebol no mesmo lugar onde surgiu para o mundo. De volta ao Vitória em 2011, o atacante ajudou a equipe a voltar para a Série A um ano depois e foi um dos destaques da campanha histórica do Rubro-Negro em 2013, que rendeu a 5ª colocação, melhor desempenho de uma equipe baiana na era dos pontos corridos.
Quando foi perguntado se aquele time merecia uma Libertadores ou um destino melhor no campeonato, Marquinhos não hesitou em elogiar a união do grupo.
– Eu acho que em 2013 o grupo era mais fechado. Todo mundo queria vencer os jogos, não tinha vaidade. O respeito que a gente tinha fora de campo levava para dentro de campo. Claro que vão ter desentendimentos, faz parte do jogo. A gente sabe que para vencer temos que fazer diferente. O grupo e a união fizeram desse time de 2013 muito forte.
Ele também protagonizou uma dupla de sucesso com o atacante Dinei em 2013. Juntos, eles participaram diretamente de 43 gols do Vitória na temporada (39% do total).
– Esse cara [Dinei] é espetacular, um irmão meu. Ele é bem na dele, todo tranquilão. A gente conversava muito antes dos jogos, sabíamos da nossa importância para o grupo. Tudo o que você fala ele concorda, é um cara espetacular. Mal abre a boca para falar de você, mas ele escuta muito as pessoas. A gente conversava sempre. Tínhamos esse entrosamento de saber as características um do outro também.
Marquinhos lembra início e passa a limpo toda sua trajetória pelo Vitória
Passagem marcante pela Raposa
O sucesso no Vitória despertou o interesse do poderoso Cruzeiro, em 2014. Marquinhos já era realidade na época, mas precisava mostrar ainda mais para cavar uma vaga no elenco que foi campeão brasileiro no ano anterior. Ele fez por onde, conquistou a titularidade com Marcelo Oliveira e participou de 18 jogos na temporada que terminou com mais um título do Campeonato Brasileiro.
– Quando eu cheguei, pensei: “Cara, como que eu vou jogar nesse time aqui?”. Mas quando você tem tranquilidade e vontade de vencer, você pode tudo. Eu cheguei no Cruzeiro e já viajei para os Estados Unidos. Foi lá que eu conquistei minha vaga, pelo respeito que tinha com todos, minha dedicação e ao meu futebol. Se não jogasse bem eu não estaria ali e o treinador não teria confiança em mim.
Atacante conta momentos marcantes da passagem pelo Cruzeiro
No ano seguinte, Marquinhos conseguiu ter ainda mais regularidade e marcou o que para ele foi o gol mais simbólico da sua carreira, no 1 a 0 contra o River Plate, no jogo de ida pelas quartas de final da Libertadores, no Monumental de Nuñez, em Buenos Aires.
Com gol de Marquinhos, Cruzeiro vence o River Plate na Argentina
– Tive várias partidas marcantes, mas uma que fica na minha memória até hoje… Na verdade o jogo de volta eu nem consigo lembrar como uma derrota. Estou falando da época do Cruzeiro. O que agente fez contra o River na casa deles, diante de mais de 75 mil pessoas. Praticamente dominamos o jogo, e eu fiz o gol da vitória por 1 a 0. Estávamos com muita esperança na Libertadores, poderíamos ter ido mais longe, mesmo com poucas pessoas acreditando na gente. Esse jogo sempre fica na minha memória – relembrou.
Na partida de volta, contudo, a Raposa perdeu por 3 a 0 e acabou eliminada.
Mas, com a chegada de Luxemburgo no meio do ano, o jogador perdeu espaço no elenco e aparecia apenas em jogos pontuais do Cruzeiro, ora como titular, ora como reserva.
Depois da passagem pela Raposa, Marquinhos rodou por Internacional, Sport, América-MG, Guarani, Bahia de Feira antes de desembarcar na Ásia para brilhar no Hong Kong Pegasus. Mas quando a maré boa parecia tomar conta da vida do jogador, veio o falecimento do pai que freou a carreira do atacante.
Recomeço em Prado
Marquinhos tenta reiniciar carreira na várzea após trauma
É aí que entram o Ema e o Guaraburguer. Marquinhos resolveu ir para Prado, sua cidade natal, para passar um tempo com a família. Após dois anos longe dos gramados, ele encontrou na várzea uma inspiração para tentar retornar ao futebol.
Marquinhos defende as duas equipes amadoras da cidade. Com o Guaraburguer ele participa da Copa Café no Guarani, distrito de Prado. Já pelo Ema, ele joga o Intermunicipal de Prado. Até o fechamento desta matéria, Marquinhos buscava o título nas duas competições.
– Gostaria de deixar um abraço para a galera da Copa Café aqui do Guarani, do intermunicipal de Prado também. São as pessoas que estão me dando forças para voltar aos gramados. Estou jogando, participando aqui no time da Ema. E lá na Copa Café, no Guarani, eu jogo pelo Guaraburguer, onde as pessoas me dão muita força para poder voltar. Espero que possamos ser campeões nessas duas competições.
Joia do Vitória e com passagem por grandes clubes, Marquinhos escreve um novo capítulo da sua carreira longe dos principais centros. Mas não há lugar melhor lugar para um recomeço. Perto de quem mais ama e com o carinho das arquibancadas de quem só o viu brilhar pela televisão, ele reencontra a alegria para voltar a sorrir.
*Estagiário sob supervisão de do editor Ruan Melo
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Fonte: https://ge.globo.com/ba/futebol/noticia/2024/07/22/campeao-brasileiro-lembra-atrito-com-luxa-revela-trauma-familiar-e-tenta-reinicio-na-varzea-aos-34-anos.ghtml
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Portanto, por isso, assim sendo, por conseguinte, conseqüentemente, então, deste modo, desta maneira, em vista disso, diante disso, mediante o exposto, em suma, em síntese, em conclusão, enfim, em resumo, portanto, assim, dessa forma, dessa maneira, logo, pois, portanto, pois, (depois do verbo), com isso, desse/deste modo; dessa/desta maneira, dessa/desta forma, assim, em vista disso, por conseguinte, então, logo, destarte.