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Nesta sexta-feira, o presidente do Conselho Deliberativo do clube, Fábio Mota, explicou os próximos passos na administração do clube. Em entrevista para a Rádio Salvador, Mota afirma que uma comissão processante foi criada e vai ser determinante para o futuro de Paulo Carneiro no clube.

– A reunião discutiu relatório da Comissão de Ética. Conselho Deliberativo do clube recebeu denúncia do presidente do Conselho Fiscal. E essa denúncia, criamos uma comissão que apurou o fato e encaminhou para Conselho de Ética. O Conselho de Ética achou por bem o afastamento do atual presidente. Esse relatório foi colocado em votação. Agora nós criamos uma comissão processante para discutir esse relatório e esse pedido preliminar de suspensão. Essa comissão vai se debruçar nesse relatório. E, no final, fazer novo relatório se concorda, se recomenda ou se muda esse relatório do Conselho de Ética – disse.

"O afastamento definitivo só pode ser feito por AGE [Assembleia Geral Extraordinária]. Se a comissão processante chegar à conclusão de que o relatório da Comissão de Ética tem fundamento e aprofundar, o que acontece, é convocada uma AGE para decidir sobre o presidente. Enquanto isso, é afastamento. Esse afastamento pode ser por um período maior ou menor, a depender do trabalho dessa comissão processante", explicou.

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Caso seja definido por afastamento em definitivo de Paulo Carneiro através de Assembleia Geral Extraordinária, uma nova eleição terá que ser realizada.

– Caso tenha necessidade, [uma nova eleição] teria que ser virtual em função da pandemia. Teria que ser virtual para destituição do presidente e outra para eleição do novo presidente. Não pode ter vacância. A vacância pode ser preenchida interinamente pelo Conselho Deliberativo, que tem dez dias para marcar nova eleição em caso de afastamento definitivo do presidente.

Com mandato até dezembro de 2022, Paulo Carneiro é o quinto presidente diferente do Vitória nos últimos seis anos. Os dois anteriores, Ivã de Almeida e Ricardo David, renunciaram ao cargo após forte pressão política. Antes deles, a situação também aconteceu com Carlos Falcão, em 2015.

Com a suspensão de Paulo Carneiro, o vice-presidente do Vitória, Luiz Henrique Viana, assume o comando do clube durante esse período. Caso Luiz decida, por vontade própria, seguir o seu companheiro de chapa, Fábio Mota, presidente do Conselho Deliberativo, assumiria o posto de presidente. Contudo, Fábio Mota, que também é secretário de Turismo de Salvador, afirma que não existe essa possibilidade.

– Caso o vice-presidente renuncie ao cargo, cabe ao Conselho Deliberativo assumir a presidência. É público e notório que eu, como presidente do Conselho Deliberativo, não tenho tempo para ser presidente do Vitória e secretário de Salvador. Tenho compromisso com a cidade, com o prefeito e não tenho condição de ser o presidente do Vitória. Se acontecer de o vice-presidente renunciar, nós do Conselho vamos montar um grupo gestor para gerir o clube – disse à Rádio Salvador.

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Durante o período de suspensão, Paulo Carneiro não pode praticar qualquer ato em nome do Vitória.

Na quinta-feira, antes da reunião, em um áudio vazado, Paulo Carneiro criticou atitudes de Fábio Mota. Mota foi eleito em abril de 2019 na mesma chapa do agora presidente suspenso.

– Tenho toda a documentação necessária. Deveria estar na mão da Comissão de Ética, que deveria ser encaminhado por essa comissão processante, que foi construída por seu Fábio Mota, o grande Judas, traidor desse processo. O grande responsável por tudo isso que está acontecendo, porque deu espaço quando poderia ter evitado com tudo isso – disse Paulo Carneiro.

Nesta sexta, o presidente do Conselho Deliberativo explicou atitudes à frente do clube.

– A missão do Conselho Deliberativo e do presidente é zelar pelo estatuto do clube. Se é ser Judas atuar de acordo com os interesses do clube, dando seguimento às ações que chegam no conselho, essa adjetivação não tem sentido. Fui eleito pela torcida. O sócio que votou em mim sabe da minha maneira de gerir. Não quer é porque eu fui eleito na mesma chapa que eu tenho que comungar com o que quer o Conselho Diretor. São poderes diferentes, independentes. O que eu fiz foi dar sequência às denúncias. O mundo mudou, porque antes você tinha um Conselho que não era tão participativo e fazia o que o presidente queria. O Conselho tem voz ativa – afirma Mota.

"Acho que passava pela cabeça do presidente afastado que eu iria arquivar, sentar em cima dos processos e não dar sequência. Ele teria que ter colocado, pensado com outro presidente do Conselho. Não devo nada a ele. Fui eleito pelo sócio e tenho que agir de acordo com o estatuto do clube", conclui.

O ge já teve acesso ao parecer da Comissão de Ética. Confira abaixo as possíveis infrações apontadas pela comissão que investigou gestão Paulo Carneiro:

• Ausência de um contrato entre o clube e a empresa Magnum, que recebeu R$ 3.586.068,00 do Vitória;
• Adiantamento de remunerações feito por Paulo Carneiro, presidente do Conselho Diretor, durante a pandemia.

Eleito presidente do Vitória em uma chapa que contava com apoio de ex-presidentes do clube, Paulo Carneiro perdeu força política ao longo do tempo. Nos bastidores, falava-se sobre a postura centralizadora do gestor, que não conseguiu contornar a crise financeira nem dar resultados dentro de campo.

Na gestão Paulo Carneiro, o Vitória foi eliminado duas vezes na primeira fase do Campeonato Baiano e, pelo terceiro ano consecutivo, luta contra o rebaixamento na Série B.

Nos últimos meses, Paulo Carneiro passou a sofrer forte pressão para deixar a presidência. Em julho, o ex-presidente do clube e ex-aliado Alexi Portela cobrou a renúncia do atual mandatário, que garantiu que não vai pedir para deixar o cargo.

Dias depois, um grupo de oposição criou uma campanha para convocação de uma Assembleia Geral Extraordinária (AGE) com o objetivo de destituir Paulo Carneiro, atitude que foi criticada pelo presidente.