Psicológico ruim?
Muitas vezes, não só no Vitória, mas a gente assistindo aos jogos na televisão, a gente vê o treinador pedindo para o time ir para a frente e o time indo para trás, e você fala: “Caramba, cara. Os caros são teimosos, são surdos?”. Não, cara. Primeiro, você tem um adversário do outro lado e, muitas vezes, taticamente, fisicamente, por imposição de vontade, muitas vezes, acaba sendo obrigado a voltar para trás. E tem essa parte mental, que é difícil de explicar, né? É difícil explicar o que a gente não vê. Um sentimento. Se eu for falar de mim mesmo, eu vou ter dificuldade de falar de mim mesmo, imagine falar do outro? Eu tentar explicar o outro? Mas a gente tem uma psicóloga, doutora Miriam, que está inserida no trabalho diário. Por incrível que pareça, hoje, a curtíssimo prazo, para ganhar do ABC, falando de parte mental, não estou falando mais das outras coisas, que também são importantes, mas para ganhar do ABC, do Náutico, a gente vê um clube, um time, de um elenco que foi montado para a gente estar brigando em cima e está brigando embaixo que… Internamente, eu compartilho da sua opinião, a diretoria compartilha dessa opinião, o novo técnico compartilha dessa opinião de que temos um bom elenco, com deficiências em algumas peças, que a gente já abordou isso, mas temos um bom elenco. Os atletas sabem que são um bom grupo de trabalho. Internamente, depois dos jogos, a gente se pergunta, de verdade, não é força de expressão, a gente se pergunta: “Gente? Esse elenco não foi montado para isso”. Olha para o nosso redor aqui. Onde a gente passou, por onde nossos atletas passaram, por que está acontecendo isso? E a gente, mesmo diante de todo esse cenário, e a gente está brigando ali embaixo, a gente perde um jogo como perdemos esse último para o Sergipe… Qual o diagnóstico? Cara, a gente chega no chão. No fundo do poço. Está no fundo do poço, né? Quando a gente perde do jeito que a gente perdeu. Quando a gente não consegue entregar o que deveria, por várias obrigações, por ser melhor, por ter mais estrutura, por estar com o salário em dia.… Por tudo! A gente tem a obrigação de entregar um resultado. A gente sabe disso. Esse abatimento é grande. Então, hoje, o que eu preciso fazer como gestor de pessoas, como executivo, primeiro, é vir aqui, de cabeça erguida, acreditando no trabalho, atento aos erros, tentar consertar as coisas, mas motivado, e dar a mão para esses atletas, em quem eu confio, que a gente continua confiando internamente, para tirá-los do chão. Para ganhar. A gente precisa ganhar. E para ganhar, precisa levantar. Levantar a cabeça e acreditar que somos um bom elenco. Parece loucura eu falando isso, mas a gente vai precisar ali. E é algo que está saindo de positivo, a torcida que vem aqui e apoia por 90 minutos. Eu posso estar engando, mas não me lembro… Desde o dia em que eu cheguei aqui, na reta final da Série C. “Ah, mas na Série C a gente só ganhou”. Não. A gente perdeu. Tomou de 5 a1, a gente empatou em casa com o ABC, teve momentos em que a gente achou que não iria dar. Desde que cheguei aqui e, inclusive, nesse início, eu não me lembro de a equipe ser vaiada no meio do jogo. A torcida está fazendo a parte dela. E eu peço que continue. Amanhã, não importa se vão vir 35, 5, 8, 10, 12 mil, não importa. Quem vier aqui que continue nesse perfil. Começar o jogo? Apoiar. Apoiar o time coletivamente, individualmente. Tem atletas que não estão bem, mas precisam que a gente acredite que a gente vai mudar. Amanhã a gente vai entregar o resultado, mas, se amanhã a gente não conseguir, aí tem que escutar vaia. Faz parte. Até é obrigação da torcida vaiar e cobrar. Mas que ela continue apoiando, porque é muito importante. A gente precisa disso. Eles precisam disso.