Fábrica Talentos político Vitória
O barradao.com traz para você mais uma notícia do Esporte Clube Vitória.
Aqui você fica sabendo das notícias publicadas nos quatro maiores sites esportivos do Estado da Bahia, confira abaixo o que acabou de sair na mídia.
Se, na década de 1990 e início dos anos 2000, o Vitória formou jogadores que ajudaram o Brasil a ser pentacampeão e alcançou os seus maiores feitos dentro de campo, os anos seguintes mostraram um cenário de decepções. O Rubro-Negro não só esteve muito longe de revelar craques da prateleira de Júnior Nagata, Vampeta e Edílson, como viveu anos de caos político e poucos resultados dentro e fora de campo para se orgulhar.
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Depois de contar como foi o auge da Fábrica de Talentos do Rubro-Negro, o segundo episódio deste especial do ge mostra como o time baiano perdeu o protagonismo no processo de formação de atletas.
O fim do auge
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Vitória derrota o Botafogo nos pênaltis e é campeão da Copa do Brasil sub-17 — Foto: Divulgação/Esporte Clube Vitória
Vitória derrota o Botafogo nos pênaltis e é campeão da Copa do Brasil sub-17 — Foto: Divulgação/Esporte Clube Vitória
No dia 19 de maio de 2015, o time sub-17 do Vitória bateu o Botafogo no Nilton Santos, por 3 a 1, e conquistou a Copa do Brasil da categoria nos pênaltis. Era o terceiro título nacional da base do clube em cinco anos. O resultado, embora tenha mostrado que a garotada rubro-negra tinha talento, também marcou o último troféu de relevância.
Naquele período, o Rubro-Negro chegou a seis finais de torneios nacionais em suas categorias de base: campeão da Copa do Brasil Sub-15 (2010), da taça da Copa do Brasil Sub-20 (2012), além de ficar em segundo lugar na Taça BH (2013), da Copa do Brasil Sub-20 (2014) e no Campeonato Brasileiro Sub-20 (2015).
"Eu espero que um dia o Vitória faça um memorial para falar da base. A base do Vitória tem uma história magnífica", elogia Carlos Anunciação, o Carlão, ex-gerente da base e presente nas três conquistas.
Títulos nacionais da base entre 2010 e 2015:
Copa do Brasil Sub-15: (2010);
Copa do Brasil Sub-20 (2012);
Copa do Brasil Sub-17 (2015).
Uma das revelações desse vitorioso período do Vitória foi o meia-atacante Luan Silva, visto como um dos jogadores mais promissores do clube. Com passagem pelas seleções brasileiras de base, ele "explodiu" na Copinha 2018, ano de sua estreia no time profissional rubro-negro. Luan chegou a jogar no Palmeiras, mas lesões no joelho interromperam a ascensão em março de 2020.
– O trabalho era muito completo na questão física, na questão técnica, na questão de jogo. Enquanto estive nos meus dez anos de base do Vitória, era treino de segunda a sexta. Sábado era amistoso quando não tinha competição – lembra o jogador.
Luan Silva comenta diferencial da base do Vitória
Profissionais qualificados
Uma época que contava com profissionais qualificados em ação, como o badalado João Paulo Sampaio, coordenador das divisões de base do Palmeiras. Antes de fazer sucesso no Verdão, ele ficou uma década no Vitória, deixando o clube pouco tempo antes da conquista do título da Copa do Brasil Sub-17.
João Paulo Sampaio foi procurado pelo ge, mas não quis falar sobre o período em que trabalhou no Vitória. Mas Gilmey Aymberê, que treina o sub-20 do Palmeiras e esteve com o gestor no Rubro-Negro, lembra como a exigência era a marca do trabalho.
– No Vitória tinha muita cobrança em cima de melhorar o jogador. Para o jogador ser melhorado em sua especificidade, como fundamentos de passe, domínio, cabeceio, um contra um defensivo, um contra um ofensivo, que chama-se hoje tática individual.
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Luan Silva foi uma das grandes esperanças do Vitória na base — Foto: Maurícia da Matta / Divulgação / EC Vitória
Luan Silva foi uma das grandes esperanças do Vitória na base — Foto: Maurícia da Matta / Divulgação / EC Vitória
"O João Paulo consegue ser mais detalhista e até mais chato do que o Newton Mota [diretor da base do Vitória na década vitoriosa de 1990] porque cobrava também de igual forma para que a gente melhorasse o indivíduo, para o indivíduo levar para o coletivo", detalhou Aymberê.
Gilmey Aimberê conta trabalho com João Paulo Sampaio na base do Vitória
Crises financeira e política
Mas, diferente dos anos anteriores, o Vitória não conseguiu unir conquistas na base a resultado do time profissional. Muito pelo contrário. O clube entrou em crise política refletida em campanhas medíocres e rebaixamentos no Campeonato Brasileiro. Como consequência, a formação dos atletas ficou comprometida.
O auge da crise esteve entre 2013 e 2021, quando o Vitória teve sete presidentes diferentes e viveu um dos períodos mais turbulentos na sua história com o rebaixamento para a Série C.
Presidentes do Vitória desde 2013:
Alexi Portela Júnior: de 2007 a 2013;
Carlos Falcão: 2013 a 2015 (renúncia);
Raimundo Viana: 2015 a 2016 (mandato tampão);
Ivã de Almeida: 2016 a 2016 (renúncia);
Ricardo David: 2017 a 2019 (mandato tampão e renúncia);
Paulo Carneiro: 2019 a 2021 (destituído);
Fábio Mota: 2021 (mandato tampão) e eleito em 2022 até aos dias atuais;
Como consequência, o Vitória viu as receitas caírem, assim como o dinheiro aplicado na formação de atletas. Se, em 2018, o clube teve recorde no orçamento, com R$ 102 milhões investidos; em 2022, com o time na Série C, esse valor caiu em menos de um terço, chegando a R$ 29 milhões.
Orçamentos do Vitória desde 2018:
Temporada 2017 (Série A) – R$ 77,9 milhões;
Temporada 2018 (Série A) – R$ 102 milhões;
Temporada 2019 (Série B) – R$ 45 milhões;
Temporada 2020 (Série B) – R$ 52 milhões;
Temporada 2021 (Série B) – R$ 35 milhões;
Temporada 2022 (Série C) – R$ 29 milhões.
Com o caixa reduzido, o Vitória perdeu capacidade de investimento em captação e estrutura nas divisões de base.
– A base estava destroçada, não tinha cama, ar-condicionado, comida, bolsa-auxílio. Não tinha captador, [só tinha] dois captadores que não recebiam salário. Estava todo mundo com seis meses de salário atrasado, os meninos da base também. Cenário de filme de terror, um desrespeito. Perdeu o título de clube formador, não era mais clube formador. Por não ser clube formador, qualquer um podia pegar o atleta e carregar. Um caos, pior cenário da história do clube – relata Fábio Mota, atual presidente do clube sobre o cenário que encontrou no fim de 2021.
"O Vitória gastava R$ 6 milhões por ano com a base. E eu já encontrei o Vitória rebaixado para a Série B, devendo quase R$ 200 milhões", se defende Paulo Carneiro, presidente do clube entre 2019 e 2021.
O Vitória, então, se tornou um clube em mudança constante no seu comando, sem poder de investimento em estrutura e que viu os seus melhores profissionais irem embora, a exemplo de João Paulo Sampaio e Wesley Carvalho.
– Isso descarrilha o clube. Não tem como você ter um presidente por ano no clube. Principal agravante é que cada um entrava com uma filosofia nova, demitia todo mundo e contratava todo mundo – conta Fábio Mota, que foi presidente do Conselho Deliberativo do clube durante o período.
"Desandou completamente, profissionais começaram a sair para outros clubes. O Vitória perdeu quase todo mundo da base", completa Fábio Mota.
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Fábio Mota, presidente do Vitória, em entrevista ao ge — Foto: Reprodução/TV Bahia
Fábio Mota, presidente do Vitória, em entrevista ao ge — Foto: Reprodução/TV Bahia
Redução dos feitos esportivos
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Vitória x Palmeiras, pelo Brasileiro Sub-20 — Foto: Maurícia da Matta/Divulgação/EC Vitória
Vitória x Palmeiras, pelo Brasileiro Sub-20 — Foto: Maurícia da Matta/Divulgação/EC Vitória
O reflexo da crise política e financeira foi a redução de grandes feitos esportivos na base. Depois de três títulos nacionais em cinco anos, o Vitória teve como ponto alto o vice-campeonato brasileiro sub-20, em 2018.
Na Copinha, também em 2018, o Rubro-Negro alcançou as quartas de final, mas parou na segunda fase nas edições 2016, 2017, 2019 e 2020 (torneio não foi realizado em 2021 por causa da pandemia de covid-19).
A título de comparação, entre 2011 e 2015, o Vitória chegou às quartas de final em duas ocasiões da Copa São Paulo de Futebol Júnior (2012 e 2015) e às oitavas de final em uma oportunidade (2011). Também caiu na primeira fase em 2012 e 2013.
O rebaixamento do time profissional também impactou as competições que a base rubro-negra disputava e, por tabela, a formação dos atletas – atualmente, a classificação no Campeonato Brasileiro sub-20 é feita por acesso e rebaixamento e não mais por colocação no ranking da CBF.
"Passamos aqui por momentos de dificuldade, sem participar de competições, sem estar com as comissões técnicas bem preenchidas na base", avalia Ricardo Amadeu, gerente da base do Vitória.
O Vitória sequer teve estabilidade em portar o Certificado de Clube Formador da CBF, que assegura os direitos sobre os atletas formados nas categorias de base. O documento venceu em dezembro de 2019, o Rubro-Negro recuperou em julho de 2021, voltou a perder pouco tempo depois e só foi retomar em 2025.
Carlos Anunciação acredita que a alternância de poder foi decisiva para o Rubro-Negro ver os resultados nas divisões de base piorarem e não ter a mesma capacidade na formação de atletas.
"No momento que o Vitória entrou em transição, toda hora um presidente diferente, [que o Vitória viveu a sua pior fase], em 2017, 2018. E aí, quem entra quer atirar, só que atirava no cara errado", lamenta Carlão.
Vendas precoces e pandemia
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Pedrinho se destacou no Vitória — Foto: Pietro Carpi / EC Vitória / Divulgação
Pedrinho se destacou no Vitória — Foto: Pietro Carpi / EC Vitória / Divulgação
A urgência de ter dinheiro em caixa fez o Vitória se desfazer dos poucos destaques que formou na divisão de base, casos de Lucas Ribeiro (negociado em 2019 ao Hoffenheim-ALE por pouco mais de R$ 10 milhões), Pedrinho (vendido em 2021 ao Athletico-PR por R$ 8,5 milhões) e Samuel (negociado em 2021 ao Oita Trinita-JAP por R$ 2,7 milhões).
O único nome forjado na Toca do Leão que deu resultados expressivos no time profissional é Lucas Arcanjo, que já se tornou o segundo goleiro que mais vestiu a camisa rubro-negra.
"A gente fala muito do Lucas Arcanjo porque é quem perdurou mais, teve longevidade maior. Mas tivemos atletas que subiram, performaram e foram vendidos muito rápido", opina Laelson Lopes, treinador do time sub-20 do Vitória.
– Quando o Vitória sobe para a Série A, a prateleira fica bem mais alta. Tivemos um hiato de pandemia, ficamos três anos sem disputar competições de base a nível nacional. Isso cobra um preço. Temos que pagar a fatura disso tudo. Tivemos numa Série C, perdemos três anos de formação e minutagem de alto rendimento – avalia o treinador do sub-20.
Principais destaques revelados pelo Vitória entre 2011 e 2021:
Goleiros – Ronaldo, Caíque e Lucas Arcanjo;
Laterais – Romário e Pedrinho;
Zagueiros – Lucas Ribeiro e Maracás;
Meio-campistas – Zé Welison, Nickson, Flávio, Léo Gomes e Luan Silva;
Atacantes – Samuel, Willie, Alan Pinheiro, Léo Ceará, David, Rafaelson, Yan, Eron e Alisson Santos.
O ex-presidente Paulo Carneiro defende a gestão ao afirmar que o trabalho avançava e, em 2020, adotou uma estratégia para ajudar no processo de formação dos jogadores da base: disputar o Campeonato Baiano com um time sub-23 quase todo formado por atletas sub-20. Mas a pandemia de covid-19, que chegou ao Brasil em março daquele ano, prejudicou a temporada e agravou a crise rubro-negra.
– Eu queria acelerar o processo de transição da base para o profissional. Isso já vinha acontecendo normalmente. Só que essa turma que me traiu atrapalhou muito o nosso trabalho, porque o trabalho já estava avançando – garante Paulo Carneiro, destituído do cargo em maio de 2022, depois de ser afastado em setembro do ano anterior.
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Paulo Carneiro foi presidente do Vitória em período conturbado — Foto: Maurícia da Matta / EC Vitória
Paulo Carneiro foi presidente do Vitória em período conturbado — Foto: Maurícia da Matta / EC Vitória
Sucesso no caos
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Lucas Arcanjo, goleiro do Vitória — Foto: Victor Ferreira / EC Vitória
Lucas Arcanjo, goleiro do Vitória — Foto: Victor Ferreira / EC Vitória
Todo esse cenário foi visto de perto por Lucas Arcanjo, descoberto em 2016 e que sofreu com os rebaixamentos para as Séries B e C enquanto lutava por um lugar no time profissional.
Arcanjo teve resiliência para encarar a turbulência, assegurar um lugar no time profissional e se tornar uma exceção em uma base que já foi o carro-chefe do Vitória. Ele ressalta que o ambiente no clube sempre foi acolhedor, mesmo com todas as dificuldades.
– Apesar de ter chegado num período vitorioso da base, passei por momentos complicados. Apesar disso, nunca nos faltou nada, e o apoio das pessoas que estavam conosco no processo sempre foi incondicional. Isso sempre foi o grande diferencial do Vitória, as pessoas fazem o processo, que é difícil, ser ainda mais recompensador.
É muito importante para os mais jovens ver um atleta que veio de onde eles estão jogando no time profissional. Querendo ou não, somos espelho para eles. Então eu entendo muito bem essa responsabilidade que carrego e tenho muito orgulho também, orgulho de ser cria da Fábrica de Talentos”.
— Lucas Arcanjo
O goleiro rubro-negro é uma prova que a Fábrica de Talentos sobreviveu ao pior momento e ainda pode revelar muitos craques. É sobre isso a terceira e última parte da série de ge, que conta os planos do Vitória para voltar a ter destaque na formação de talentos.
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Fonte: https://ge.globo.com/ba/futebol/times/vitoria/noticia/2025/07/03/fabrica-de-talentos-parte-2-caos-politico-faz-vitoria-viver-decadencia-na-base-e-ver-talento-minguar.ghtml
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Portanto, por isso, assim sendo, por conseguinte, conseqüentemente, então, deste modo, desta maneira, em vista disso, diante disso, mediante o exposto, em suma, em síntese, em conclusão, enfim, em resumo, portanto, assim, dessa forma, dessa maneira, logo, pois, portanto, pois, (depois do verbo), com isso, desse/deste modo; dessa/desta maneira, dessa/desta forma, assim, em vista disso, por conseguinte, então, logo, destarte.