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Pela primeira vez, o treinador rubro-negro falou sobre o seu desejo de permanecer na Toca do Leão para participar do processo de reestruturação do clube, se essa for a vontade da diretoria rubro-negra.

– Eu acho que o Vitória é grande, independente de qual série ele esteja disputando. O que entra em jogo aqui é o que vai ser feito para voltar à Série B, para a Série A. O que entra em jogo é como vai ser reorganizado o time. É qual o planejamento que a nova diretoria pretende para o clube. Muitas perguntas que a gente sabe, necessárias nesse momento de tristeza, de comoção geral, porque ninguém queria isso para um clube centenário e com o tamanho do Vitória. É com tristeza, mas eu me sinto responsável também. Nunca vou fugir dessa responsabilidade – afirmou o treinador.

"E é claro que eu quero fazer parte dessa renovação, quero fazer parte dessa reestruturação, caso isso vá acontecer. Mas são muitas perguntas que a gente tem. A gente sabe que muita coisa precisa mudar. Mas a gente respeita qualquer decisão que a diretoria tomar", afirmou.

Para sair do fundo do poço e voltar a trilhar um caminho de conquistas, o Vitória vai precisar por uma reformulação "urgente" em seu elenco. Mas não é só isso. Sem entrar em detalhes, Wagner Lopes afirmou que o clube já traçou o planejamento do clube pensando na Terceira Divisão.

– Eu acredito, sim, que é primordial, é urgente. E essa reformulação é muito mais profunda do que a sua pergunta sugere, na minha visão. E eu acredito que o planejamento já foi feito, tanto se ficasse na Série B quanto na Série C. Acredito que isso já tenha sido feito. A nova diretoria que entrou, pessoas capacitadas, inteligentes, que sabem que precisa dessa reformulação. O nível de profundidade vai depender do nível de investimento, então isso é que tem que sentar e conversar, e com muitas reuniões, na minha visão – disse o treinador.

Wagner Lopes também falou sobre os erros cometidos pelo Vitória ao longo das últimas temporadas, mas sem apontar culpados pela situação do clube.

– É multifatorial. Lá de trás. Não vou falar de pessoas que não conheço, situações que não presenciei, porque seria leviano da minha parte julgar essa situação. Tem muitos fatores, desde a montagem do elenco, desde a escolha… Muitos atletas com qualidade, mas ainda precisando de maturação. Ainda precisando desenvolver processos que a gente sabe que, na Série B, não dá tempo. Você não pode fazer apostas. As apostas têm um número e tem que ser reduzido. Tem muitos fatores que, por serem assuntos internos, a gente, por respeito à instituição, não verbaliza. Tem muita situação que deveria ter sido diferente, mas, infelizmente, não foi.

O que dizer a torcedor do Vitória
– Vai parecer contraditório o que vou falar. Mas queria agradecer por ter tido a honra de ter comandado o Vitória nestes jogos. No finalzinho, nos últimos jogos, por ter tido a honra de ver a grandeza da torcida do Vitória. E dizer para eles que, dentro das minhas limitações, busquei fazer o melhor para o clube. Peço desculpas, porque faço parte disso, da história do rebaixamento. Mas em nenhum momento faltou meu respeito pela instituição. Em nenhum momento faltou profissionalismo. Tudo que eu procurei fazer foi respeitar a instituição, a grandeza que tem, respeitar o nosso torcedor. Busquei em todos os momentos fazer com que o nosso torcedor tivesse orgulho do nosso time. Acho que teve muitos jogos que conseguimos isso. Infelizmente, o desfecho não foi o que a gente esperava. É multifatorial. Tem muitas consequências que foram tomadas, e a gente não estava presente. A gente está aqui agora, dando as explicações. Peço desculpas porque não conseguimos manter o time na Série B. mas estou aqui à disposição para trabalhar, fazer o que estiver ao meu alcance para que o clube volte a dar orgulho ao seu torcedor.

Avaliação da atuação do time no jogo de hoje
– Nosso torcedor foi fantástico, apoiou, incentivou o tempo inteiro, mesmo quando nós tomamos o gol. continuou cantando, torcendo. Agradecer ao nosso torcedor. Hoje o nervosismo, em muitos momentos, nos atrapalhou. Tivemos oportunidades de fazer gols, dominando melhor, tirando do goleiro. Chutamos muitas bolas de qualquer jeito, para cima, não acertamos o gol nos chutes que precisávamos. Tivemos uma chance claríssima, que poderíamos ter aproveitado melhor. Não conseguimos. O goleiro fez uma defesa. Mas era lance para dominar e bater no chão, lado contrário. Mas é óbvio que vou estar sempre à frente do meu atleta, protegendo meu jogador, assumindo a responsabilidade. Acho que nós, em muitos momentos, saímos desorganizadamente. Eles tiveram, no contra-ataque, uma arma perigosa. Tiveram outras oportunidades, que não estávamos conseguindo encaixar a marcação, por necessitar do resultado. Corremos muito, mas corremos de forma desorganizada. Foi um jogo taticamente e tecnicamente ruim. Que nós não merecemos vencer, embora, se fizéssemos o gol, teria mudado o panorama do jogo. A gente jogou bem abaixo que a gente poderia hoje.

Sentimento diante do rebaixamento
– A nossa campanha no segundo turno foi com seis vitórias, quatro empates… enfim. Era para a gente terminar o segundo turno, mais ou menos, em 10, 11ª, 12ª. Uma campanha que eu participei. Nós tivemos seis vitórias no segundo turno e duas vitórias no primeiro turno. Mas eu sempre vou assumir a responsabilidade. É um sentimento de muita tristeza. É um sentimento de impotência, de não poder, nos jogos que nós poderíamos ter vencido em casa, contra Confiança, Remo, o próprio CSA, situações que a gente poderia ter feito gol e não conseguimos… hoje mesmo de acertar o gol, dominar melhor para finalizar melhor, com mais equilíbrio, com a biomecânica melhor executada. Então é um sentimento de frustração, porque eu fui finalizador, eu fui centroavante, durante praticamente 20 anos. Minha missão era fazer gol. Então eu posso dizer que sofri muito, não só hoje, como em todos os jogos. E, todos os dias, enquanto eu estiver acordado, pensei em como posso ajudar os nossos jogadores a finalizar melhor, a enquadrar melhor o corpo, para poder acertar o gol nas finalizações, a ter um pouquinho mais de calma de aproveitar as oportunidades. E por várias vezes nós tivemos essa chance de ter um final diferente. Só que no último terço, por mais orientação que a gente dê, na hora de fazer o gol, na hora de dar o passe em milésimo de segundo, a tomada de decisão é do atleta. E é óbvio que eu tenho a responsabilidade, porque eu escalei o atleta para estar ali, naquele momento. Mas, dentro da minha visão, eu tenho a consciência em paz, escolhi os que estavam treinando melhor, os que estavam melhores preparados para aquele momento. E, nesse aspecto, a gente não foi. Não alcançou, não tivemos competência para a gente permanecer na Série B. Só que os problemas são muito mais profundos do que simplesmente colocar nas costas dos jogadores. Então eu acho que todo mundo que fez parte disso este ano tem sua parcela de responsabilidade minha. E assumo. Por isso estou aqui dando a cara. E todas as decisões que eu tomei, sem dúvida alguma, foi em prol, do benefício do Vitória. Então é continuar acreditando que a grandeza do clube não vai diminuir porque está jogando na Série C, mas que tem que reformular o mais rápido possível, e voltar… não para a Série B, mas para a Série B e, na sequência, Série A.