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O que nunca ficou claro para o torcedor rubro-negro foi o que motivou o afastamento do goleiro, que havia terminado a temporada anterior em alta. O presidente Paulo Carneiro nunca falou sobre o assunto. João Gabriel também não. Pelo menos até esta quarta-feira, quando ele conversou com a reportagem do GloboEsporte.com.

Por incrível que pareça, João Gabriel até hoje não sabe ao certo as razões de ter sido preterido da equipe, como ele explicou.

– Com a mudança de diretoria, simplesmente fui comunicado que não poderia ser mais utilizado, e como funcionário, tive que acatar, mesmo contra a minha vontade. Até hoje não tive justificativa plausível do porquê disso ter acontecido. Continuei de forma profissional, ética. Não quis dar entrevista, porque o momento era delicado, e seria um problema a mais pensando no grupo, de estar expondo, e eu preferi segurar a onda para que o clube pudesse se reerguer, porque o Vitória é mais importante do que qualquer situação e não merecia uma queda para a Série C. Seria absurdo – afirmou o goleiro.

Acatei, segurei a situação, tentei ser negociado, mas era um momento difícil, o mercado não estava respondendo da mesma forma. Mas eu fui comunicado sem nenhuma justificativa plausível de que não seria utilizado.

Façamos uma rápida retrospectiva. O ano era 2018, e o Vitória lutava desesperadamente para não ser rebaixado da Série A. Sem ter encontrado um goleiro que demonstrasse segurança até aquele momento, João Burse apostou em João Gabriel, que ajudou a garantir um empate sem gols diante do Sport.

Embora não tenha sido capaz de evitar o rebaixamento iminente do Vitória, João Gabriel se destacou e renovou o contrato por mais três temporadas, ainda na gestão de Ricardo David. Esperava-se muito dele em 2019, porém uma lesão no joelho o tirou de combate ainda em janeiro.

Na tentativa de ajudar o Vitória, João Gabriel acelerou o retorno aos gramados, mesmo ainda não estando 100% fisicamente, decisão que ele assume integralmente.

– No início de 2019, no auge da minha forma, tive uma lesão, que me impossibilitou de continuar o ano jogando, uma lesão de cartilagem. E todo jogador, quando tem uma lesão, requer tempo e paciência até que o corpo se adapte. Até voltei antes do tempo, por responsabilidade minha os jogos que joguei, eu assumi a responsabilidade mesmo não estando no auge da minha forma. Eu fui porque sabia que poderia contribuir. Foi pedido para que eu jogasse, e eu fui acreditando que teria uma sequência. Não teve nenhum tipo de falha absurda que justificasse a minha saída – disse.

João Gabriel atuou nos empates diante de ABC e Náutico, além da derrota por 4 a 0 para o Fortaleza, este seu último jogo em 2019, no dia oito de abril.

Apesar de ter sido afastado a pedido de Paulo Carneiro, João Gabriel garante que nunca teve qualquer tipo de problema com o presidente rubro-negro.

– Nunca tive nenhum tipo de problema, muito pelo contrário. Sempre trabalhei de forma ética e profissional, até hoje não entendo o porquê das tomadas de decisões dele, tampouco ele me deu nenhum tipo de justificativa. Eu, como funcionário, não tinha o que fazer. Muito se foi pedido, não só pelo grupo, mas também pelos treinadores, mas eu continuei afastado – afirmou o goleiro.

Alarcon chegou na sala e passou um recado: “Olha, João, a partir de hoje, o presidente pediu para te comunicar que você não vai poder mais treinar nos horários do restante do grupo. Foi uma decisão direta e eu apenas fui comunicado”. Eu perguntei por que e até hoje não obtive resposta.

O ano de 2019, sem dúvida, foi um verdadeiro pesadelo para João Gabriel, que, além de ter sido afastado, conviveu com salários atrasados. Mas ele garante que não guarda mágoa e deseja uma boa temporada para o Vitória.

– Afastado, salários atrasados, chegou até a três meses, se não me engano. Foi um momento muito complicado psicologicamente e profissionalmente. Passou. Não guardo mágoa nenhuma. No futebol, os períodos são cíclicos. A gente tem que ter muita resiliência, muito profissionalismo, para passar pelos bons e pelos maus momentos. Independentemente das circunstâncias. Acredito que assim eu fiz. Tenho certeza de que vai ser um ano muito bom para o clube, independentemente de quem esteja gerindo, de quem esteja jogando. O Vitória é muito grande. O torcedor merece isso. Vou procurar fazer meu trabalho. Ainda tenho vínculo até o final de 2021 – disse.

O que o goleiro de 27 anos espera, agora, é fazer uma grande temporada pelo Sampaio Corrêa.