Sabatina do ge: Victor Mendes diz que Vitória "não suporta mais aventura" e apresenta propostas

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Durante cerca de 30 minutos, Victor Mendes respondeu a perguntas feitas por jornalistas do ge, Correio, TV Bahia e do iBahia. A sabatina, mediada por Gustavo Castellucci, foi transmitida ao vivo no ge.

Baiano de Salvador, Victor Mendes tem 46 anos, é formado em Administração pela Universidade Federal da Bahia (Ufba) e obteve os títulos de mestrado e doutorado pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). Empresário, ele chegou a atuar como professor universitário.

No primeiro momento, Victor foi questionado sobre como vai gerir o Vitória sem ter experiência de trabalhos em um clube de futebol. O candidato garantiu que conta com o apoio da torcida, de rubro-negros históricos e de grupos empresariais.

– Fábio Mota, sem experiência no futebol, conduziu o clube à situação atual. Rebaixado, fora da Copa do Nordeste, eliminado do Campeonato Baiano. A gente tem apoio de rubro-negros históricos, diversos grupos empresariais, e temos dialogado muito em busca de ajudar o clube quando formos eleitos. Temos desafio de subir para a Série B, obrigação, precisamos voltar para a Série A. A gente precisa colocar com muita clareza que o clube, de fato, não suporta mais aventura. E a gente está vivendo uma grande aventura, a gestão de transição não planejou nada. O clube continua de lado, não se vê base subindo, melhor relacionamento com torcedores, não se vê aumento de licenciamento de produtos, e a gente continua a observar, de forma lamentável, erros profundos no nosso departamento de futebol, 40 contratações, quatro técnicos na temporada. A gente precisa de um novo Vitória, com responsabilidade e apoio de rubro-negros históricos e pessoas que estão nos ajudando.

A chapa Movimento Novo Vitória também concorre para o Conselho Deliberativo do clube. Marcus Gustavo de Souza Sarmento disputa a presidência e tem João Carlos da Costa Borja como candidato a vice.

Confira a agenda da sabatina da Rede Bahia:

• Quarta – José Guerra, das 14h às 14h30;
• Quinta – Ângelo Alves, chapa Vitória Para Todos, 14h às 14h30;
• Sexta – Fábio Mota, chapa Reconstruindo o Vitória,14h às 14h30.

Busca por inovação no Vitória
– A gestão tem que ter um tripé que envolve futebol, relação com sócio e marketing e a gestão. Sobre futebol, nossa base precisa ser reformulada. Nossos meninos, clube não tem utilizado monitoramento com GPS. Tecnologia à disposição, clube não tem utilizado. Estamos atrasados no que já deveria ter sido incorporado. Vamos incorporar intercâmbio de atletas e profissionais. A gente quer espalhar escolinhas de futebol pelo Brasil, 80 escolinhas. Boas práticas no futebol, gestão e na relação com o sócio.

– ESG, discussão sobre as questões ambientais, sociais e de governança, Nosso clube com 123 anos, vantagens sobre questão ambiental, transformamos uma região da cidade. Aspecto social importante para a nossa base, esportes olímpicos, deixamos de avançar nessas questões que no fundo favorecem o ingresso de aportes de investimento.

De 2014 para cá, nenhum presidente eleito do Vitória conseguiu terminar o mandato. Isso gerou instabilidade no clube, não apenas política, e abalou a credibilidade perante o mercado. O que você vai fazer para que investidores confiem que você conseguirá colocar os projetos em prática e se manter no cargo até o final do triênio?
– A força da nossa instituição em toda a sociedade, e não há outra forma hoje no mundo empresarial e contemporâneo que não seja ter relações transparentes, verdadeiras, ter correção, informações precisas e corretas. Vou pegar um exemplo. A gestão atual diz que tem R$ 8 milhões em patrocínios, mas a DRE do nosso clube, publicada no nosso site, que aponta R$ 2,8 milhões. Não dá pra ser um número arredondado. A gente não pode ter nosso clube tratado dessa forma. Essas incorreções cria turbulências, frustrações, afasta patrocinadores, torcedores. Isso cria relações turbulentas nas contratações, necessidade de correr atrás de um prejuízo que foi criado. Não existe no mundo corporativo, no mundo empresarial, não ter respeito aos contratos. O que temos visto no clube, e isso vem de outros períodos, esse descompromisso de fazer a coisa correta. O Vitória só vai estar entre os dez do país se todos nós entendermos que há apenas uma forma de fazer as coisas, a forma correta.

O Vitória terejuízo de R$ 42 milhões em 2021, como diminuir a dívida do clube?
– Dívida de curto prazo no clube é agravada por erros primários. Conseguimos a façanha de vender o David e não receber o dinheiro. Como isso não compromete seu fluxo de caixa. Questão financeira passa por fazer as coisas certas. São três movimentos. Primeiro é ter o clube organizado, transparente, o segundo, de forma orgânica, é trazer os sócios, relação profissional com o marketing, gerando receita, monetizar o Barradão. Terceiro movimento só é possível fazendo bem os dois primeiros, que é trazer fundos de investimentos pro nosso clube. Só entra se tiver segurança jurídica, e o clube hoje não tem oferecido segurança jurídica.

Nos últimos anos houve declínio das divisões de base no Vitória. O que pretende fazer para aproveitar melhor os jovens talentos do clube?
– Pra gente conseguir nossa divisão de base, a gente precisa reestruturar todo o processo. Formação começa desde cedo passa por implantação de currículo, precisamos saber o que vamos desenvolver nos nossos atletas ano a ano. Acompanhamento geral, técnico, tático, de nutrição, médico. Reformulação completa dos processos. Modelo de seleção dos atletas hoje é antigo e defasado. Peneira. Seleção com 1.500 crianças, num período de três, quatro horas. A gente precisa rever a forma de seleção desses meninos. Estamos propondo implantação de futebol de salão e fut-7. Isso vai oxigenar e trazer mais capilaridade, projeto da academia de futebol, fundamental para o nosso clube, mas não a proposta que Paulo [Carneiro] colocou lá atrás. Uma proposta que a gente possa alavancar e ter 80 escolinhas espalhadas pelo Brasil através do modelo de licenciamento e franquias. Vamos espalhar escolinhas e vincular os meninos ao nosso clube. Rever a forma de educar esses meninos, não só nos aspectos esportivos, como nos aspectos humanos, culturais. A gente não pode fazer com que os meninos sofram emocionalmente essa transição. Quantos atleta ficaram sacrificados neste momento nos aspectos emocionais? A referência do futebol está na Europa e a gente precisa buscar essa referência. Estabelecer parcerias, intercâmbio de atletas com clubes da segunda divisão de Portugal e da Espanha. A gente quer reformular a nossa base valorizando esses meninos desde cedo formar esses atletas, retomar isso.

Os episódios envolvendo violência com torcidas organizadas ficaram mais graves no ano. Ao que atribui esse crescimento da violência? Acha que a impunidade serve de combustível para atos como esse? Qual vai ser a sua relação com as organizadas caso venha a ser eleito?
– Nossa proposta, nossa visão, da participação da torcida nos nossos jogos, o que a gente tem levado dentro dessa campanha, e o que percebo que já foi incorporada por todos. Barradão cheio de família, crianças, que seja entendido que o futebol está dentro da indústria do entretenimento. As pessoas precisam ir para o futebol para se divertir, e não para ter momentos de violência. Deixar claro que nossa visão é de entretenimento, portanto é absolutamente contraditório com qualquer tipo de violência. A gente precisa entender que a violência nasce de problemas de políticas públicas, causas sociais, mas a gente, enquanto clube, precisamos trazer a juventude para o dia a dia da nossa agremiação, para que esses jovens se desenvolvam no caminho do esporte, da alegria, da família. Sobre torcida organizada, nossas torcidas sempre tiveram papel importante dentro do clube, do estádio, alegrando, enfim, mas isso não pode ser confundido com violência. Que nossos torcedores possam viajar para apoiar o nosso clube. E que os outros torcedores sejam muito bem recebidos aqui também. Nossa visão é de respeito, segurança, hospitalidade. Nosso clube tem falhado muito. Recentemente, nosso clube contratou empresa aparentemente legal e criou uma série de constrangimento para a nossa torcida. Torcedor tem que ter um cadastro, estar registrado, ter conscientização, departamento social do clube próximo, orientando.

Nos últimos quatro anos, o Vitória contratou 113 jogadores. E para um clube com dívidas que superam os R$ 200 milhões e tem pouco dinheiro para investimento, contratar assim é sempre oneroso e mostra falta de planejamento. Qual seu plano para contratações e formação do elenco para 2023? Além disso, o técnico João Burse e o diretor de futebol Edgar Montemor seguem no clube caso seja eleito?
– Qualquer pessoa pra trabalhar no Vitória precisa entregar resultados. Vou começar pelo nosso técnico. Evidente que há muita confiança que a gente possa subir e ser campeão. Dentro desse cenário, nosso técnico para 2023 é o João Burse. Em relação ao departamento de futebol, precisamos ter um planejamento anual. Passamos seis meses, de outubro a abril, mais ou menos isso, sem um diretor de futebol, e você veja o custo que isso trouxe ao nosso clube. Tanto esportivo quanto financeiro. Política de contratações em larga escala, não faz nenhum sentido. Esses atletas contratados, uma quantidade excessiva cria desgastes, insatisfação, e gera ao final passivo para o clube. Contratação errada, o clube tem que pagar. Contrato de um ano, mesmo que rescinda o contrato, tem que pagar. A gente tanto criticava, junto ao Conselho Deliberativo, conselheiros, que essa política de contratação em escala equivocada da gestão de Paulo [Carneiro], é que piorou, saímos de 20 para 40. Gestão de transição piorou essa política de contratações. Primeiro temos que ver nossas metas para 2023. Nosso diretor de futebol vai ter um orçamento, montar junto com a presidência do clube, esse planejamento. Dentro de um planejamento responsável, vamos ter que ter eficiência nas contratações. Na base, atletas podem ser aproveitados. Política de contratação nossa, temos que reconhecer que no nosso elenco muitos atletas que podem e devem ser aproveitados no ano. E fazer contratações pontuais com muita responsabilidade.