Sabatina do ge: Fábio Mota garante que, se for eleito, vai manter João Burse no Vitória em 2023

A eleição para decidir o novo presidente do Vitória está marcada para este sábado (17).

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Durante cerca de 30 minutos, Fábio Mota respondeu a perguntas feitas por jornalistas do ge, Correio*, TV Bahia e do iBahia. A sabatina, mediada por Gustavo Castellucci, foi transmitida ao vivo no ge [assista no vídeo acima a íntegra de programa].

Durante a entrevista, Fábio Mota afirmou que sua proposta é dar continuidade ao trabalho que sua gestão tem feito no clube. O dirigente destacou obras e melhorias nas categorias de base e garantiu que, se for eleito, vai manter João Burse à frente do time na próxima temporada.

– O Vitória também, além de revelar craques, revelou grandes profissionais. João Paulo é o principal executivo do Palmeiras… O Vitória, ao longo dos anos, perdeu esses profissionais porque não teve como pagar. À medida que se tem insucesso esportivo, as receitas caem e os profissionais saem porque têm salários maiores. O Vitória está numa crise, precisa buscar o profissional dentro do perfil e modelo de jogo do Vitória. O Vitória tem tradição de revelar grandes atletas, mas isso não é por acaso. Tem que ter uma grande estrutura e grandes profissionais. Considero hoje João Burse, oriundo do Vitória. Futebol está entregue ao Edgar Montemor. Hoje temos um comando técnico identificado com a base, que conhece a realidade do clube. […] Hoje a gente tem um planejamento feito, as peças que precisamos buscar, nomes, posições, porque tivemos tempo para organizar. O departamento de futebol e a base estão bem entregues – disse.

"Se eu for reeleito, João Burse será nosso treinador. Ele já mapeou o que precisa, está estudando as próximas contratações" – garantiu.

Fábio Mota ocupa atualmente a função máxima na gestão do clube. Ele assumiu a presidência de forma interina em outubro do ano passado, e foi efetivado no cargo em maio deste ano, após a destituição de Paulo Carneiro. Antes, foi eleito presidente do Conselho Deliberativo em chapa ao lado justamente de PC.

O candidato à presidência do Vitória é advogado, historiador e pecuarista com pós-graduação em processo civil. Fábio Mota também é atuante na vida política. Atual Secretário Municipal de Cultura e Turismo de Salvador, ele já foi Secretário de Urbanismo e Transporte (2014); e Secretário Municipal de Mobilidade de Salvador (2015 a 2020).

Além de Fábio Mota como candidato à presidência do Conselho Gestor, a chapa Reconstruindo o Vitória tem Djalma Nunes Abreu como vice-presidente. O grupo não vai concorrer para o Conselho Deliberativo e o Conselho Fiscal rubro-negro.

O pleito está marcado para este sábado, no Complexo do Barradão, das 9h às 19h. Os portões serão abertos às 8h. Para ser eleito no primeiro turno, o candidato precisa ter mais de 50% dos votos válidos. Caso não seja possível, será realizado o segundo turno.

Herbem Gramacho | Correio* – O senhor afirma que, nesses quase 11 meses de mandato, seu trabalho foi de reconstrução do Vitória. O clube equacionou dívidas fiscais, fez mudanças na divisão de base e captou patrocinadores. Minha pergunta é: com mais três anos de mandato, caso seja eleito, a partir de quando o senhor enxerga que o Vitória está novamente disputando títulos em pé de igualdade com seus principais concorrentes, já que o último troféu foi o do Campeonato Baiano de 2017 e, nos últimos anos, o clube tem se acostumado a não passar da primeira fase do estadual e não chegar à final da Copa do Nordeste.
– Nós estamos reconstruindo o clube. Encontramos um clube que tinha salários de funcionários e jogadores atrasados, salários da base atrasados, bolsa auxílio atrasada. Fizemos um trabalho de reconstrução. Estamos há 10 meses no clube sem um único dia de atraso de pagamento. Reestruturamos a base do clube. Apostamos muito na base do clube. Achamos que é a base que vai nos ajudar a sair desse maior problema da história do clube. Fizemos a equação financeira, a reestruturação fiscal. O Vitória devia muito, deve ainda, mas conseguimos fazer um parcelamento. Estamos fazendo o dever de casa, estruturando o clube, para ser sempre forte e disputa títulos. Por exemplo, estamos na Série C, sem receita, mas domingo a gente entra em campo brigando para subir. A última vez que o Vitória disputou acesso foi em 2015. De lá para cá, infelizmente o Vitória só brigou para não cair. Depois de 10 meses, entendemos que o futebol está no caminho certo. Conseguimos uma base sólida que nos classificou e agora pode nos levar à Série B.

Gustavo Castellucci | TV Bahia – Como equacionar as dívidas a partir de 2023?
Para nos colocar nos trilhos, é preciso buscar dinheiro novo. Nós colocamos no clube 14 patrocinadores. A soma disso dá mais de R$ 8,5 milhão. Esse recurso fez com que hoje a gente esteja com as contas em dia. Vamos buscar renovação destes patrocinadores e buscar alternativas novas. Trouxemos para o Vitória o Beat Sed.com que comercializa produtos. O Vitória também fez seu primeiro lançamento na plataforma. Vendemos R$ 2 milhões, 50% são do Vitória. Então é uma forma para buscar novas rendas, novas alternativas. Estamos também construindo os camarotes do Barradão. A ideia é vencer os oito camarotes por R$ 800 mil. Esse dinheiro vai ser todo investido na base. Nos camarores, nos fundos, estamos construindo novas salas. Vamos trazer o administrativo todo para o prédio central. Com o dinheiro arrecadado dos camarotes vamos aumentar a quantidade de alojamentos na estrutura da base. O nosso projeto está focado numa base forte e re-desenho administrativo para que o futebol funcione.

Ruan Melo | ge.globo – É notória a grave crise financeira do Vitória, o que atrapalha qualquer gestão. Por outro lado, o clube também segue repetindo uma prática de longa data na contratação em larga escala de jogadores. Só em 2022, 32 novos atletas chegaram ao clube. Queria saber se o senhor não acha que esse tipo de estratégia também contribui para o endividamento do clube. Também queria saber qual o perfil de contratações que o senhor vai implementar se eleito.
– É uma forma muito injusta fazer comparativo dessa gestão, com quem estava na Série A, que tinha R$ 70 milhões de orçamento, com quem estava na Série B, que tinha R$ 15 milhões de orçamento, e com quem assumiu o clube na Série C, com uma dívida enorme. Quando assumi o clube, todos os jogadores que estavam foram dispensados, nós não tínhamos elenco. Ficamos sem um único jogador, a não ser os meninos da base. Nós tínhamos uma punição, em que tínhamos 14 dias para montar uma equipe. É humanamente impossível fazer algo na vida sem planejamento. Ainda mais no futebol. Mas ou montávamos uma equipe ou jogávamos o Baiano com o Sub-20 e correríamos outros riscos maiores. Então não dá para comparar. É comletamente diferente. Nós fizemos a primeiras contratações pela necessidade. Elas teriam que ter sido feitas. Sabíamos dos riscos. E aí eu devolvo dua afirmação. A partir do momento em que conseguimos pagar o Walter Bou e tivemos tempo para contratar, trouxemos Dionísio, titular, Dalton, titular, Sanchez, titular, Rafinha, titular. O nível de contratação subiu bastante porque tivemos tempo e planejamento para contratar. Mas assumir o clube tendo 14 dias, sem planejamento, sem dinheiro, devendo a todo mundo. E os jogadores se falam. Os funcionários tinham cinco meses sem receber. É muito difícil fazer esse comparativo. São situações e situações. O que você tem que olhar é como estava o Vitória há dez meses e como está hoje. O Vitória hoje é uma instituição respeitada no Brasil. Briga para subir. Não deve aos fornecedores, não deve aos funcionários. Trouxemos de volta o basquete, o futebol feminino e o remo. É uma outra realidade completamente diferente daquela que encontramos. Eu assumi o Vitória no caos, na pior fase da história do clube, e domingo vamos entrar em campo para subir de divisão. Há quanto tempo isso não acontecia no Vitória?

Rafael Santana | TV Bahia – Nos últimos anos a gente se acostumou a acompanhar uma alta rotatividade na presidência do Vitória. Independentemente dos motivos que levaram às quedas de presidentes anteriores, como o senhor pretende gerir o clube de modo a acalmar essa efervescência polítia do Vitória?
– Qualquer clube, se não tem continuidade, tem problema e interefere no clube. A situação política do Vitória é grave, tivemos sete presidente nos últimos oito anos. Praticamente um presidente por ano. Eu vou gerir da forma como estou gerindo. Tudo que estou falando são coisas que estão acontecendo. Minha proposta é dar sequência ao que está acontecendo. Quando cheguei, os meninos da base tinham cinco meses sem receber o bolsa-auxílio. Hoje está em dia. Quando cheguei, os campos lá de cima, além de estar ruim, os meninos não tinham local para fazer as necessidades, onde trocar a roupa… Fiz um prédio inteiro para a base. Está lá pronto e funcionando. Um prédio que tem vestiário, sala de reunião, um espaço para os observadores assistirem os campos. Então o que eu proponho é dar sequência ao trabalho que estou fazendo. Nós fizemos a arquibancada do CT também pensando na base. Só para deixar bem claro, tudo que eu estou falando são proposta para dar sequência ao que eu já estou fazendo. Não estou propondo coisas para a frente. Acho que a sequência é importante. Montamos um planejamento, um plano de gestão, e estamos executando desde o primeiro dia que entramos. Na parte de futebol, o objetivo sempre foi voltar para a Série B. Estamos perseguindo esse objetivo. Estamos a duas partidas da voltar para a Série B. Acreditamos muito nisso. E mesma coisa na questão patrimonial, dando prioridade à base. Temos nove categorias na base. Chegamos, não tinha suplementação nem no profissional. Hoje tem na base e no profissional. Alimentações são balanceadas. O Vitória, mesmo na Série C, nunca esteve tão organizado. Com certeza estamos no caminho certo do futebol, tanto que estamos buscando o acesso.

Gustavo Castellucci | TV Bahia – Esse também é o caminho para solucionar as questões financeiras?
Tem outros caminhos. Hoje, temos certidões. Há mais de oito anos o Vitória não tinha certidões e hoje temos todas as certidões fiscais. Isso permite buscar recursos com governos estaduais e federais. Isso abre novos caminhos para buscar e agregar valor ao que você já tem. Você tem que buscar para sair do lugar.

Paulo Cézar Gomes | iBahia – Qual o perfil dos profissionais que pretende contratar? Nos últimos anos o Vitória buscou profissionais qualificados, com cursos na Fifa e CBF, mas o futebol foi muito mal. E o futebol tem um componente emocional. Muita gente que vem de fora não traz identificação com o clube. E temos na Bahia grandes profissionais que têm identificação com o Vitória. Preto Casagrande, Agnaldo Liz, Rodrigo, Flávio Tanajura… Já pensaram em aproveitar esse pessoal, que tem raiz com o clube?
– O Vitória também, além de revelar craques, revelou grandes profissionais. João Paulo é o principal executivo do Palmeiras, Carlão por muito tempo foi o principal nome da base do Athletico. O Vitória, ao longo dos anos, perdeu esses profissionais porque não teve como pagar. À medida que se tem insucesso esportivo, as receitas caem e os profissionais saem porque têm salários maiores. Mas é evidente que precisamos usar a criatividade quando se está em crise. E o Vitória está numa crise, então precisa buscar o profissional dentro do perfil e modelo de jogo do Vitória. O Vitória tem uma rendência e uma tradição de revelar grandes atletas, mas isso não é por acaso. Tem que ter uma grande estrutura e grandes profissionais. Temos João Burse, que passou cinco anos pela base e foi campeão brasileiro pela base no comando do sub-17 do Vitória. Então hoje temos um comando técnico identificado com a base. São pessoas que conhecem o Vitória. Se eu for reeleito, João Burse será nosso treinador. Ele já mapeou o que precisa, está estudando as próximas contratações. Diferente de quando eu entrei, hoje a gente tem um planejamento feito, as peças que precisamos buscar, nomes, posições, porque tivemos tempo para organizar. O departamento de futebol e a base estão bem entregues. Mas não descarto profissionais como estes citados. Grandes profissionais, pessoas que estão dentro do nosso leque de observação, com certeza.

Gustavo Castellucci | TV Bahia – Como pretende aumentar o número de sócios do Vitória?
– Trouxemos a torcida para dentro do clube. Há muitos anos você não tem sete partidas seguidas com mais de 20 mil pessoas no estádio. A média do Vitória era de dois ou três mil. A torcida abraçou o projeto. Por meio da TV Vitória deixamos o torcedor em sintônia com o clube. Transmitimos os jogos do sub-17, sub-15, sub-20, Brasileiro de Aspirantes e muitos outros. Fizemos um aplicativo para o sócio-torcedor, criamos camisa com preço para o sócio. Quando assumi, eram 4 mil sócios. Hoje temos mais de 10 mil.

Rafael Teles | ge.globo – Você está no cargo de presidente há mais ou menos um ano. Primeiro de forma interina, e nos últimos meses de forma efetiva. Todo o tempo em que esteve na presidência, disse que não iria se candidatar. O que te fez mudar de ideia? Queria saber também se você pretende dar atenção exclusiva ao Vitória, já que você também atua no cenário político de Salvador.
– É verdade. Era secretário de Cultura e Turismo e presidente do Conselho Deliberativo, terceiro na linha hierárquica do clube. Assumo o clube, largo a secretaria. A partir daí, são dez meses como presidente do Vitória. Não tenho dificuldade de dizer que, se eu for eleito, cumprirei meu mandato durante os três anos. Até porque esse mandato vai até dezembro. O próximo mandato, que tem eleição amanhã, é de janeiro de 2023 mais três anos para o próximo presidente. Hoje estou definitivo até 31 de dezembro. Nos próximos três anos serei, a não ser que tenha algo maior, presidente do Vitória pelo mandato que fui eleito. O que me fez ser candidato foi o trabalho que fiz e o medo que tenho de que, se entrar outro, seja mais uma aventura e tudo volta à estaca zero. E meu amor pelo clube. Não recebo salários, pago minhas passagens.

Gustavo Castellucci | TV Bahia – Possibilidade de SAF no Vitória?
– O Vitória está na Série C. Está com a marca desvalorizada. Não é o momento de se falar de SAF. Tem que fazer a reestruturação financeira e econômica. O Vitória de hoje é muito mais organizado do que o Vitória que recebi. Recebi um Vitória com dívidas a longo prazos e conseguimos prorrogar dívidas, tirar inadimplências… Conservamos o patrimônio, aumentamos. Estamos no caminho certo. Temos que concentrar energia para subir. Depois, contratar uma empresa séria, que vai dizer qual o melhor caminho para o Vitória. Mas não somos nós que temos que entender isso. Neste momento, o foco é subir. Depois, pensa o que pode ser melhor para o clube.