Muito além da lesão: filho de craque da várzea, lateral do Vitória tem longa história de perdas

Além lesão Jamerson história

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Aqui você fica sabendo das notícias publicadas nos quatro maiores sites esportivos do Estado da Bahia, confira abaixo o que acabou de sair na mídia.

De pai para filho: recuperando de lesão, Jamerson segue os passos de lenda da várzea

Aos 26 anos, o lateral-esquerdo Jamerson encara mais uma provação. No dia 12 de junho, o jogador do Vitória sofreu uma fratura e rompeu os ligamentos do tornozelo na partida contra o Cruzeiro, pela 12ª rodada do Campeonato Brasileiro. Mas o risco de não jogar mais nesta temporada é bem pouco perto do que o baiano nascido e criado no bairro de Itapagipe, em Salvador, já passou.

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Perder alguns meses de futebol é um golpe duro, mas não abala a mente de quem já precisou lidar com as perdas da mãe, do irmão e da avó. A morte entrou na vida de Jamerson quando ele tinha 14 anos e dava os primeiros passos da carreira. Com lágrimas nos olhos durante entrevista ao ge, o lateral lembra quando se despediu da mãe, já doente, para tentar mudar a história da família.

— Certo dia minha mãe descobriu uma doença, um tumor no cérebro. E aí foi onde eu falei: "Mãe, eu vou atrás do meu sonho, e vou conseguir algo melhor para a senhora, para tirar a senhora dessa. Vai dar tudo certo". Ela falou: "Filho, pode ir, eu sei que você vai ser um jogador de futebol. Eu creio muito nisso". Eu fui fazer os meus testes, e nunca mais tive contato com minha mãe — lamenta o jogador.

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Os meses seguintes ao falecimento da mãe trouxeram mais alguns golpes duros para Jamerson, que acumulou "nãos" e portas fechadas ao tentar iniciar a carreira de jogador. Quem lembra bem do processo é Leílson Lesbão, tio do lateral do Vitória e responsável por incentivar ele a rodar o Brasil em busca de chances.

— Tive a ideia de levar ele para fazer um teste no Vitória, no infantil. Levei para fazer um teste, e ele foi reprovado. (…) Daí começou a fazer testes: Paraná, Distrito Federal… Eu falava de Cafu, que fez vários testes para ser jogador profissional — lembra o tio do lateral.

— Certos momentos eu pensava que não ia conseguir mais, porque eu estava em muitos clubes lá fora, não estava dando certo, às vezes batia, voltava. E foi aí que eu consegui me firmar no Marília, de São Paulo. Joguei a Copa São Paulo, me destaquei, depois fui para o Portimonense e morei quatro anos lá em Portugal — completa Jamerson.

1 de 7 Tio de Jamerson deu empurrão para o início da carreira do jogador — Foto: Felipe Teles / TV Bahia
Tio de Jamerson deu empurrão para o início da carreira do jogador — Foto: Felipe Teles / TV Bahia

Depois das temporadas em Portugal, ele voltou ao Brasil para defender Azuriz, Guarani e Coritiba até chegar ao Vitória. Mas enquanto Jamerson se firmava no cenário profissional, a vida colocou mais algumas provações no caminho do lateral, que precisou lidar com duas novas perdas na família: do irmão e da avó.

— Minha avó sempre foi muito intensa. Todas as vezes que eu vinha de férias ela sempre dizia que estava feliz, fazia comidas, era uma recepção muito boa. E meu irmão também, do jeito dele, a gente se dava super bem. (…) Ele acabou falecendo, e minha avó ficou mal. E daí foi onde ela ficou doente, estava passando por uma situação difícil e acabou falecendo também — lembra Jamerson.

— Foi um momento muito difícil para mim, porque minha avó era tudo para mim. Eu achava que nunca ia perder ela. Mas acho que nessa vida tudo tem um propósito, e eu sei que faz parte da vida, um dia todos nós vamos partir, e eu tenho certeza que lá de cima eles estão orgulhosos de mim — completa o jogador.

2 de 7 Jamerson com a avó, que morreu em 2020 — Foto: Arquivo pessoal
Jamerson com a avó, que morreu em 2020 — Foto: Arquivo pessoal

A inspiração

Se a doença da mãe foi o gatilho para Jamerson rodar o país em busca de chances para ser profissional, a história do pai foi inspiração para ele não desistir. O lateral do Vitória é filho de Josemar Santos de Jesus, que atende também pelo apelido de Bacurau, um fenômeno do futebol de várzea em Salvador.

— Quando eu era pequeno via meu pai jogar futebol naqueles campos lá do Lasca, da Massaranduba, do Balão de Ouro, e meus olhos brilhavam com o que meu pai fazia dentro de campo. Falava: "Caraca, um dia eu quero ser com o meu pai ". E, pô, você vê que todo mundo fala. Meu pai é um craque de bola – conta com orgulho Jamerson.

"Agora eu que sou fã dele. Ele era meu fã, agora eu virei fã dele", completa o pai do atleta.

3 de 7 Jamerson pelo Marília, no primeiro clube em que atuou como profissional — Foto: Paulino Mello
Jamerson pelo Marília, no primeiro clube em que atuou como profissional — Foto: Paulino Mello

O pai de Jamerson garante que fez história em vários campos de Salvador e lembra com orgulho do tempo em que era um dos craques do futebol de várzea. Bacurau chegou a tentar a carreira de profissional, mas não conseguiu fazer a transição e, hoje, tem no filho a alegria de ver o nome da família ligado ao cenário esportivo.

— Já cheguei a fazer três, quatro jogos em um domingo. Teve um jogo mesmo que a gente foi campeão na boa viagem. Da Boa Viagem a gente jogou uma semifinal no Lasca. Aí do Lasca a gente veio aqui jogar final do Cobra, que eu fiz um gol do meio-campo. Foram três jogos nesse dia. Boa viagem foi cedo, Lasca, aí depois a gente veio aqui umas duas horas da tarde e foi campeão. Ganhei os três – se orgulha o craque do futebol de várzea.

4 de 7 Jamerson, do Vitória, com a família — Foto: Felipe Teles / TV Bahia
Jamerson, do Vitória, com a família — Foto: Felipe Teles / TV Bahia

— Cheguei até rodar. Joguei, fiz um teste lá no São Paulo, no Mamoré, no Auto Sport da Paraíba, não deu certo, mas é tudo como Deus quer, né? Eu também abusei muito da minha da minha sorte, mas não me arrependo porque Deus botou Jamerson na minha vida. É um menino que me deu muito orgulho com essa essa vitória dele ao ser profissional — disse Bacurau.

Jamerson não só rompeu a barreira do futebol profissional, como voltou para a cidade e o clube onde tudo começou. A chegada ao Vitória reaproximou o lateral da família, e o reflexo disso foi visto dentro de campo, com uma fase avaliada pelo próprio jogador como a melhor da carreira.

— Eu sempre tive um desejo, desde pequeno, de jogar no Vitória. Eu ficava: "Nossa, velho, meu sonho é jogar no Vitória". Mas só que eu nunca tive oportunidade. (…) O auge da minha carreira, sim, falo em termo de tudo, né? — resumiu Jamerson.

5 de 7 Pai de Jamerson foi destaque na várzea — Foto: Felipe Teles / TV Bahia
Pai de Jamerson foi destaque na várzea — Foto: Felipe Teles / TV Bahia

A lesão

O melhor momento da carreira de Jamerson foi interrompido por uma grave lesão em que ele fraturou e rompeu os ligamentos do tornozelo. O lance [assista no vídeo abaixo] foi assistido de perto por Bacurau, que estava na arquibancada do Barradão e cumpria a rotina de acompanhar os jogos do filho.

Aos 43 min do 1º tempo – Jamerson sofre falta forte de Eduardo, do Cruzeiro

— Eu estava de frente para o lance. Como ele caiu, que ele botou as duas mãos na perna, eu pensei que tinha partido a canela. Aí foi muita coisa que [passou] na minha cabeça. Eu só pensava em estar junto dele para dar aquele apoio. A gente não esperava, mas já aconteceu. Agora é só tratar, esperar o momento certo para ele voltar a jogar futebol. Ele estava no melhor momento dele — lamenta o pai do lateral.

Jamerson sofreu uma entrada dura de Eduardo, que teve o carrinho "potencializado" pelo gramado encharcado do Barradão naquela noite. O lateral do Vitória contou o que lembra do lance, revelou uma conversa com o meia do Cruzeiro e garantiu que não guarda rancor do colega de profissão.

"Nenhum jogador quer passar por um momento como aquele".

6 de 7 Jamerson, do Vitória, lesionou o tornozelo — Foto: Felipe Teles / TV Bahia
Jamerson, do Vitória, lesionou o tornozelo — Foto: Felipe Teles / TV Bahia

— Meu pé ficou meio que preso no joelho dele, mas eu pensei que fosse só uma falta qualquer. Eu não tinha sentido dor nenhuma assim. Mas quando eu olhei para minha perna, quando eu vi meu tornozelo todo virado, tem o psicológico também. Aí eu falei: "Nossa!". Sentindo uma dor absurda — inicia Jamerson.

— Mas, com certeza, não foi maldade, isso acontece, é de jogo. Para você ver, depois a gente falou por ligação, e ele estava muito mal. A gente conversou tranquilo, ele passou para mim a situação, e eu falei: "Cara, isso eu sei que é normal, poderia ser eu. Todo mundo quer ganhar. Estamos sujeitos a essas coisas dentro de campo, então é uma fatalidade, acontece" — completou o lateral.

Horas após a lesão, Jamerson passou por um processo cirúrgico que foi considerado um sucesso pelo departamento médico do Vitória. A nova provação na carreira do lateral vai deixar ele entre quatro e seis meses longe dos gramados, mas a história do jogador mostra que ele já superou desafios maiores ao longo da carreira.

7 de 7 Jamerson está bem após passar por procedimento cirúrgico em Salvador — Foto: Reprodução / Redes Sociais
Jamerson está bem após passar por procedimento cirúrgico em Salvador — Foto: Reprodução / Redes Sociais

— Eu acredito que tudo tem um propósito. Eu tenho recebido muita força e, graças a Deus, estou me sentindo muito bem. Eu creio que tudo isso vai passar muito rápido e, daqui a pouco, vou estar de volta — disse Jamerson.

— A recuperação está sendo boa. Aproveitar para ressaltar e agradecer realmente ao clube por estar me dando um apoio fora do normal, um apoio muito bom. A torcida, recebi muitas mensagens me dando apoio e incentivo. Só tenho a agradecer mesmo e, principalmente, a minha família. Se não fosse por eles, eu acho que hoje eu estaria…Não falo que eu estaria mal, mas seria mais difícil a recuperação. Então eu só tenho a agradecer mesmo — finaliza o lateral.

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Fonte: https://ge.globo.com/ba/futebol/times/vitoria/noticia/2025/07/26/muito-alem-da-lesao-filho-de-craque-da-varzea-lateral-do-vitoria-tem-longa-historia-de-perdas.ghtml


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