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É fundamental levar em consideração um dado importante ao olhar a campanha do time: o clube precisou reaprender a disputar o Campeonato Brasileiro. Rebaixado em 2018, o Leão passou as cinco temporadas anteriores distante da competição mais importante do país. O Vitória nunca tinha ficado tanto tempo longe da elite nacional na era dos pontos corridos. Mais que isso, a realidade da competição mudou completamente.

Em tempo de SAF e recorde de investimento dos clubes, a realidade do Campeonato Brasileiro não bateu na porta do Vitória. Ela foi "esfregada na cara" do Rubro-Negro, que gastou em torno de R$ 15 milhões na montagem do elenco para 2024. Bem distante não só das grandes potências, mas dos valores atuais que movimentam o futebol.

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E a impressão deixada é que, nos seus primeiros atos, o Vitória sentiu de imediato o impacto de voltar à Primeira Divisão. O time entrou na Série A com a segunda maior série invicta da história do Barradão, que foi facilmente quebrada com o início dos confrontos mais duros. Foi assim que o time abriu o campeonato com uma sequência de oito jogos sem vencer.

Ao mesmo tempo que o Barradão já não era garantia de três pontos, os jogadores que vinham como destaques nos meses anteriores caíram de rendimento diante de adversários mais qualificados. E aí está um ponto que a diretoria rubro-negra poderia ter enxergado no planejamento para a temporada: quais atletas que se destacaram na histórica campanha do título da Série B realmente deveriam continuar para a Série A?

Por mais que seja doloroso, o Vitória não soube encerrar vínculos no momento ideal. Esperou o início da competição, com o time em má fase, para a corrigir a rota. É clichê, mas trocar o pneu com o carro andando nunca é um bom negócio. Tudo deu certo, mas é inegável que o risco foi grande e poderia ter sido feito com maior antecedência.

Mas aqui vai um mérito da diretoria: o nome certo para o momento. Teve coragem de recalcular a rota ao abrir mão de Léo Condé para trazer Thiago Carpini, que muitos olharam sob desconfiança. Carpini vinha de trabalho curto no São Paulo e tinha levado a pior na disputa com Condé na Série B de 2023. Vai dizer que você nunca ouviu na rua alguém dizer que o clube trocou o campeão da Segundona pelo treinador que foi vice?

Léo Condé estava longe de ser o maior problema do Vitória quando foi demitido, mas é inegável que Thiago Carpini é a peça central da reação do Rubro-Negro. O treinador controlou o vestiário, capitaneou a reformulação do elenco e colheu os frutos com resultados dentro de campo.

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Dos 16 jogadores que participaram da estreia contra o Palmeiras, apenas sete seguiram na rotação de Thiago Carpini na reta final da competição. Some isso ao fato de que o time precisou entrar em campo com peças improvisadas em onze rodadas, e a conclusão é uma só: o elenco para o Campeonato Brasileiro foi mal montado.

• Time da estreia do Brasileiro: Lucas Arcanjo; Zeca, Camutanga, Wagner Leonardo e Lucas Esteves[Zé Hugo]; Dudu [Mateus Gonçalves], Rodrigo Andrade [Jean Mota], Willian Oliveira e Matheusinho; Osvaldo [Iury Castilho] e Alerrandro [Luiz Adriano].

Curiosamente, a correção da rota foi feita com mais saídas que chegadas na segunda janela de transferências. Mas os reforços foram providenciais, em outro acerto na troca com o pneu andando. Todos os seis jogadores contratados fizeram parte da rotação de Thiago Carpini, com direito a sequência no time titular. Foram eles: Neris, Gustavo Mosquito, Carlos Eduardo, Machado, Ricardo Ryller e Edu.

Com os reforços à disposição, tempo para treinar e mais entendimento do Campeonato Brasileiro, os resultados começaram a acontecer para o Vitória. Depois de idas e vindas para a zona do rebaixamento, o time deixou o Z-4 na 31ª rodada e arrancou na reta final da competição ao vencer uma série de confrontos diretos.

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A manutenção na Série A foi confirmada na 36ª rodada e veio junto da melhor atuação do time no Brasileiro. A vaga na Sul-Americana chegou no jogo seguinte, e, no o último domingo, o Vitória visitou o Flamengo apenas com objetivos menores, como terminar no G-10. Um luxo para quem só venceu pela primeira vez na nona rodada.

Os erros na montagem do elenco e o início ruim complicaram a vida do Vitória em boa parte da Série A, mas não impediram o clube para se recuperar e alcançar os principais objetivos dentro da competição: escapar do rebaixamento e conquistar uma vaga na Copa Sul-Americana.

Funcionou, mas não dá para viver sob risco o tempo todo. Além disso, não fosse a largada tão ruim, a arrancada no final poderia alçar o time a voos maiores no Brasileiro.

O Vitória mostrou que tem competência para recalcular a rota e escrever uma nova história quando necessário. Mas fazer 30 contratações por temporada e reformular o elenco com o campeonato em andamento não pode ser uma regra. É a hora, então, de colocar em prática essa capacidade de reconstrução já no planejamento para 2025.

E o clube tem treinador com capacidade e coragem para mudanças. Que, em 2025, elas aconteçam no melhor momento.